domingo, 7 de janeiro de 2018

CORREIOS PARA QUEM?

Por por estes dias voltaram às notícias os protestos populares depois de conhecido que os «CTT confirmam fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação», plano este que fora anunciado em meados de Dezembro e que quase de imediato originou que «CTT sobem na bolsa à boleia do novo plano de reestruturação».

Sabendo por demais o real significado da apresentação dum “plano de reestruturação”, não espantaram as notícias da pronta subida da sua cotação em bolsa nem as de que o «Maior accionista investe 2 milhões nos CTT após plano de corte de custos», que os «Donos da Mayoral reforçam nos CTT» ou que a «Global Portfolio Investments reforça no capital dos CTT para 5,66%», logicamente acompanhadas das que chamaram a atenção para o singelo facto daquele plano implicar que os «CTT fecham o dobro das lojas que encerraram desde a privatização».


E o busilis centra-se precisamente na privatização. À memória voltam os comentários tecidos em 2013 – ver os posts «MATAR O CARTEIRO» e «AFUNDADAS ESPERANÇAS» – e a certeira previsão do encerramento de agências feita quase um ano depois no post «CTT TESOURO» que se centrava na questão dos negócios que desde sempre rodearam a venda dum serviço da importância da distribuição postal. Certo é que neste momento quem assume a posição de principal accionista é a GESTMIN, sociedade de gestão de participações financeiras onde pontifica Manuel de Mello Champalimaud, que é quem vai controlar plano de reestruturação dos CTT.

A tudo isto somam-se mais algumas incongruências; é que se os «CTT em crise “distribuiu sempre mais de 90% dos seus lucros a acionistas”», as «Agências que os CTT querem fechar lucraram 2,4 milhões de euros em 2017» e já se diz que a «Reestruturação dos CTT poderá não ficar pelas 300 rescisões» de trabalhadores quando é sobejamente conhecido (e reconhcido) que os «CTT lideram queixas dirigidas a empresa de correios. Reclamações aumentam 212%» facto simplesmente ignorado por quem nunca se preocupou com o serviço público.

E no caso dos CTT é precisamente de serviço público que se trata, um serviço que além de indispensável é igualmente garante do que cada vez mais parecem ser os últimos resquícios de coesão social. Claro que aos seus “donos” apenas interessam os lucros, os quais sempre distribuíram magnanimamente, e de uma forma tão ávida que até já entre os políticos se refere que «Deputado socialista defende que “os CTT têm de ser obrigados a cumprir o serviço público”» ou que «Jerónimo de Sousa defende que CTT devem ser alvo de "intervenção pública"» e até o «CDS exige cumprimento da obrigação de proximidade dos CTT», enquanto nos corredores do poder «Costa e Marcelo deixam CTT nas mãos da Anacom», como se de algum regulador nacional pudesse advir mais que pífias recomendações.

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