A propósito
dum fenómeno de que ultimamente muito se tem falado – a bitcoin – e da sua
extarordinária valorização, refere o Prof César das Neves, no artigo «O
incómodo dos elefantes», que aquela “não vale nada”.
Para vincar o
seu ponto de vista recorre (e bem) à teoria do valor para explicar que na
economia existem bens que têm valor intrínseco e outros que cujo valor resulta
da sua utilidade; comparativamente refere (claro) a moeda que não tendo
qualquer valor intrínseco (especialmente depois do abandono do padrão ouro, período
em que a quantidade de moeda emitida era função das reservas em ouro do
emitente) vê o seu valor sustentado no subjectivo factor da confiança.
O busilis do
debate em torno das criptomoedas (designação de toda e qualquer unidade
monetária de origem e uso informático, como a bitcoin) é que o mesmo argumento
que serve para as denegrir pode (e deve) ser aplicado a todas as moedas em
circulação, posto que todas elas dependem da confiança dos utilizadores, que
como o próprio autor muito bem sublinha «...tal
como a utilidade, é um fenómeno totalmente subjectivo».
Dito isto,
estaremos a um passo de ver o Prof César das Neves aplicar a mesma linha de
raciocínio à moeda fiduciária (aquela que não deriva do valor das reservas
auríferas mas apenas da confiança dos utilizadores) e reclamar uma abordagem
diferente para questões como a do endividamento e defender, quiçá, a
necessidade de reforma do sistema monetário que transforme o crédito num bem de
utilidade pública, como forma de combater a escassez de liquidez e as
desigualdades na distribuição do rendimento?
Este é que
seria um verdadeiro incómodo para os elefantes...
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