Numa
época em que parece fazer sentido erguer muros no lugar de pontes (veja-se as
recentes medidas da administração Trump) aconteceu que final da semana passada «Lisboa
acolhe cimeira de sete países do sul da Europa para preparar posições comuns»
em temas como: o euro, a economia, o investimento e a convergência, a segurança
interna e externa das fronteiras, o terrorismo, as migrações e a cooperação com
outros países do Mediterrâneo e de África; sobre os quais «Países
do sul da Europa acordam cooperar para Europa “forte e unida”».
Os
líderes de Portugal, Grécia, França, Espanha, Itália, Chipre e Malta procuraram
deixar claro que o actual «"Tempo
de incertezas" obriga a uma "União Europeia mais forte e mais
unida"», no que parece significar alguma confluência de intenções,
mesmo que os seus os resultados práticos sejam ainda uma mera miragem.
Claro
que o tema central de todas as preocupações recai sobre o desenho da Moeda Única
e uma UEM que tarda em apresentar-se como um mecanismo eficaz e afirmar-se que
a «Reforma
do euro centra debate na cimeira dos sete do Sul da UE», quando, a crer na intervenção
de António Costa (que pode ser lida aqui, na íntegra) o que se pretende é ir
«...aperfeiçoando e completando a União
Económica e Monetária, melhorando o Tratado Orçamental e dotando a Zona Euro de
recursos orçamentais próprios, dignos desse nome». Algo tão vago e anódino
que levou Duarte Marques a escrever no EXPRESSO
que «António
Costa recupera propostas de Passos Coelho e até faz boa figura».
A
revisão do Tratado Orçamental, especialmente na flexibilização do colete de
forças legal que está a estrangular qualquer hipótese de rápida recuperação das
economias europeias, a criação duma capacidade orçamental própria e a melhoria
dos mecanismos da UEM são questões que a progressiva extinção do estafado argumento
da inexistência de alternativa revela como cada vez mais candentes e que a
anunciada postura da nova administração Trump, que pela voz do seu putativo embaixador
junto da UE, Tedd Malloch, vai prognosticando que a «Moeda
única pode entrar em colapso nos próximos 18 meses», apenas torna mais
urgente.
Parecendo
cada vez mais consensual a necessidade de reformar a Moeda Única, parece
igualmente evidente que a sua principal limitação deriva do facto de ter retirado
aos Estados qualquer papel no processo de criação de moeda, situação que urge
inverter fazendo subordinar essa criação ao interesse-geral e não ao interesse
particular dum sector económico tão desordenadamente auto-regulado como o
sector financeiro.
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