quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

“ESTÓRIA” DE NATAL

Tivesse eu engenho e arte e estaria a escrever uma espécie de Conto de Natal onde ao invés de mostrar a dura realidade que nos rodeia conseguisse cruzar ao correr da pena um Pai Natal, um “facilitador”, um “sucateiro”, um robalo, talvez um palhaço e seguramente um “autarca-bandido”.

Como a “estória” teria de se localizar algures seria, por hábito ou tradição, quase certamente num lugar mágico e, por desconhecer outro com melhores características, este seria pobre e triste; o lugar seria mágico, porque as “estórias” (sobretudo as que incluem figuras mitológicas) só podem ocorrer em lugares assim, triste, porque essa é a realidade que todos bem conhecemos, e pobre porque qualquer lugar onde coabitam “facilitadores” com “sucateiros” e com “autarcas-bandidos” não pode ficar senão pobre… cada vez mais pobre!

Numa “estória” para animar as criancinhas e, portanto, carregada de valores morais o Pai Natal traria no seu saco os presentes que todos os personagens mais precisassem: ética e decoro para os “facilitadores”, lucros proporcionais à capacidade de gestão dos “sucateiros”, sentido de protecção e salvaguarda da coisa pública para os “autarcas-bandidos”, moderação e sentido de dever público para os “palhaços” e, por fim, talvez um enorme aquário para o robalo (que é o único dos personagens sem grande papel activo).

Numa “estória” para os adultos que ainda acreditam no Pai Natal, talvez este trouxesse um presente igual para todos (excepto o robalo, porque continuava a ser o único personagem sem grande papel activo): uns bons anos de pura e dura prisão a que se seguiria uma interdição de exercício de qualquer actividade pública e empresarial (a final condenar alguém a viver do seu trabalho nem será uma pena assim tão severa, pois a grande maioria de nós sofre-a há gerações) … mas isto seria no caso de eu ter engenho e arte para a escrever.

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