sexta-feira, 25 de maio de 2018

VENTOS DE ITÁLIA


Quase três meses volvidos sobre as eleições italianas de 4 de Março e depois de fracassadas algumas tentativas de coligação, eis que parece encontrada uma solução governativa para o país, onde o Movimento «5 Estrelas e Liga propõem o desconhecido Conte para primeiro-ministro».

A grande dúvida é que a coligação agora formada junta a extrema-direita xenófoba (Liga) com os populistas anti-imigração (Movimento 5 Estrelas – M5S), no que aparenta uma união sustentada pela negativa e não pela positiva.


A estas duas forças políticas (as mais votadas nas últimas eleições) conhecem-se as posições anti-sistema e anti-europeias mas pouco ou nada do que significará dirigir o país que representa a 4ª economia europeia (3ª após o Brexit) a braços com uma crise de crescimento que se arrasta sem solução à vista e num contexto europeu pouco sensibilizado para esse tipo de problemas.

O resultado destas eleições – vitória do M5S seguido da Liga – é um claro reflexo duma crise financeira mundial que ajudou o discurso xenófobo e anti-imigração e a solução austeritária aplicada à chamada crise das dívidas soberanas, em lugar de a resolver, agravou a dívida pública italiana.

A ascensão de políticas populistas e xenófobas não é exclusivo da Europa e ainda menos da Itália; a prová-lo basta lembrar a situação da Áustria, onde a extrema-direita titula três importantes ministérios, da Alemanha, onde se assite a uma clara viragem à direita da CDU/CSU por pressão da xenófoba e anti-islâmica AfD, na Holanda e em França, onde a FN disputou voltou a disputar a segunda volta das eleições presidenciais, sem esquecer a gravidade da situação de governos como o polaco e o húngaro que à revelia das normas comunitárias aplicam políticas declaradamente anti-imigração e anti-refugiados.

A confirmar-se a composição do novo governo italiano em clara oposição às políticas europeias dominantes qual será a reacção em Bruxelas? Compreenderá a euro-nomenklatura que as derivas populistas e xenófobas são consequência da sua prórpia actuação ou continuarão a insistir no dogma da inexistência de alternativas?

Sem comentários: