Quase três
meses volvidos sobre as eleições italianas de 4 de Março e depois de
fracassadas algumas tentativas de coligação, eis que parece encontrada uma solução
governativa para o país, onde o Movimento «5
Estrelas e Liga propõem o desconhecido Conte para primeiro-ministro».
A grande
dúvida é que a coligação agora formada junta a extrema-direita xenófoba (Liga)
com os populistas anti-imigração (Movimento 5 Estrelas – M5S), no que aparenta
uma união sustentada pela negativa e não pela positiva.
A estas duas forças
políticas (as mais votadas nas últimas eleições) conhecem-se as posições
anti-sistema e anti-europeias mas pouco ou nada do que significará dirigir o
país que representa a 4ª economia europeia (3ª após o Brexit) a braços com uma
crise de crescimento que se arrasta sem solução à vista e num contexto europeu
pouco sensibilizado para esse tipo de problemas.
O resultado
destas eleições – vitória do M5S seguido da Liga – é um claro reflexo duma crise
financeira mundial que ajudou o discurso xenófobo e anti-imigração e a solução
austeritária aplicada à chamada crise das dívidas soberanas, em lugar de a
resolver, agravou a dívida pública italiana.
A ascensão de políticas
populistas e xenófobas não é exclusivo da Europa e ainda menos da Itália; a
prová-lo basta lembrar a situação da Áustria, onde a extrema-direita titula
três importantes ministérios, da Alemanha, onde se assite a uma clara viragem à
direita da CDU/CSU por pressão da xenófoba e anti-islâmica AfD, na Holanda e em
França, onde a FN disputou voltou a disputar a segunda volta das eleições
presidenciais, sem esquecer a gravidade da situação de governos como o polaco e
o húngaro que à revelia das normas comunitárias aplicam políticas declaradamente
anti-imigração e anti-refugiados.
A confirmar-se
a composição do novo governo italiano em clara oposição às políticas europeias dominantes
qual será a reacção em Bruxelas? Compreenderá a euro-nomenklatura que as derivas
populistas e xenófobas são consequência da sua prórpia actuação ou continuarão
a insistir no dogma da inexistência de alternativas?
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