Assinalando o
70º aniversário da criação do Estado de Israel foram inauguradas as instalações
da nova embaixada dos EUA em Jerusalém, mudança decidida por essa luminária da
política internacional que dá pelo nome de Donald Trump e à revelia duma
comunidade internacional que continua a recusar a aceitação da ocupação ilegal
daquela cidade e da sua conversão em capital indivisível do Estado de Israel.
Em simultâneo
com este evento mediático, desde finais de Março que ocorrem manifestações diárias
na fonteira da Faixa de Gaza em protesto contra a ocupação israelita e pelo
direito de regresso dos milhares de palestinianos expulsos dos territórios
ocupados. Contrariando o previsto no Plano de Partilha da Palestina proposto
pela ONU em 1947, sucessivos governos israelitas transmutaram o povo judaico de
vítima em algoz e têm vindo a apoiar a regular instalação de colonatos judaicos
em territórios fora daquele plano, além da implementação de pretensas políticas
securitárias, através da construção de muros e de postos de controlo militares
que outra coisa não são que uma forma de inviabilizar o funcionamento da já de
si incipente economia palestiniana e de infernizar a sua vida diária.
Para assinalar
a data, que os palestinianos conhecem como Al-Nakba (a catástrofe), foi este
ano decidido promover manifestações diárias na fronteira da Faixa de Gaza;
assim, nas últimas semanas têm ocorrido regulares confrontos entre as forças
militares israelitas e os manifestantes palestinanos, mas a dimensão e desproporcionalidade
da reacção israelita já levou à morte de mais de uma centena de palestinianos
desde o início do mês; só no dia do aniversário (14 de Maio) foram mortos cerca
de 60 palestinianos e mais de 2.000 feridos no que facilmente se entende como
uma absurda desproporção de violência, que já levou a própria ONU
a pedir a Israel que cesse o uso desproporcionado da força contra os
palestinianos.
Claro que a
actual conjuntura num Médio Oriente minado pela questão palestiniana que se
arrasta há 70 anos, dilacerado pela guerra civil síria e ainda não recuperado
da destruição do Iraque, onde se confrontam três candidatos à liderança
regional (Arábia Saudita, Irão e Turquia) e as potências internacionais (EUA,
China, Rússia e UE) assumem um papel irrelevante ou abertamente favorável a um
dos lados em confronto, em nada favorece outra perspectiva de solução que não a
manutenção dum regime de apartheid, imposto por Tel-Aviv e tacitamente aceite
por todos, salvo os palestinianos que se recusam a morrer em silêncio.
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