terça-feira, 21 de novembro de 2017

TRUQUES

A notícia hoje difundida, segundo a qual, Hassan Rouhani, o «Presidente iraniano declara o fim do Estado islâmico» deve ser recebida com a devida moderação e entendida como reacção do Irão, um dos sérios candidatos ao reconhecimento como potência regional no Médio Oriente, à informação que tem chegado de Riad.


Nem o Daesh, apesar dos seus esforços, nunca assumiu a verdadeira estrutura dum “estado” para que o avolumar de derrotas determine a sua extinção, nem o Irão, apesar da relevância do seu envolvimento, pode anunciar o fim duma crise que ainda tem muito para durar. É certo que, contra as expectativas e as intenções do Ocidente, o excessivamente vilipendiado regime de Bashar Al-Assad tem vindo a acumular sucessivas vitórias (fortemente apoiado pelos seus aliados russos e iranianos) e isso é uma realidade a que a imprensa ocidental não tem dado o devido destaque, o que no rescaldo irá custar mais alguns amargos diplomáticos, mas para já as questões centrais na região continuam a ser a luta pela hegemonia regional, que se disputa no triângulo Turquia – Arábia Saudita – Irão, e a sempre eterna questão palestiniana que continua a oscilar ao sabor daquela e dos interesses do alinhamento Washingtom – Tel-Aviv.

Lembre-se, a propósito, a recente notícia de que Donald «Trump ameaça fechar delegação da OLP» em Washington, apresentada como mecanismo de pressão para forçar os palestinianos a negociações construtivas com Israel, mas que depois de conhecida a reaproximação entre os dois movimentos palestinianos (a OLP e o Hamas, movimento próximo da Irmandade Islâmica) parece mais uma manobra para agradar à Arábia Saudita (isto na sequência de em Maio último termos lido que contratos de 110 mil milhões de dólares foram assinados durante uma visita de Trump) e ao lobby judaico norte-americano, que terá um digno representante em Jared Kushner (o genro, de ascendência e formação judaica, que Trump encarregou do dossier israelo-palestiniano), obviamente visto com enorme suspeita pelo lado palestiniano.

Sem comentários: