A notícia hoje
difundida, segundo a qual, Hassan Rouhani, o «Presidente
iraniano declara o fim do Estado islâmico» deve ser recebida com a devida
moderação e entendida como reacção do Irão, um dos sérios candidatos ao
reconhecimento como potência regional no Médio Oriente, à informação que tem
chegado de Riad.
Nem o Daesh,
apesar dos seus esforços, nunca assumiu a verdadeira estrutura dum “estado”
para que o avolumar de derrotas determine a sua extinção, nem o Irão, apesar da
relevância do seu envolvimento, pode anunciar o fim duma crise que ainda tem
muito para durar. É certo que, contra as expectativas e as intenções do
Ocidente, o excessivamente vilipendiado regime de Bashar Al-Assad tem vindo a acumular
sucessivas vitórias (fortemente apoiado pelos seus aliados russos e iranianos) e
isso é uma realidade a que a imprensa ocidental não tem dado o devido destaque,
o que no rescaldo irá custar mais alguns amargos diplomáticos, mas para já as
questões centrais na região continuam a ser a luta pela hegemonia regional, que
se disputa no triângulo Turquia – Arábia Saudita – Irão, e a sempre eterna
questão palestiniana que continua a oscilar ao sabor daquela e dos interesses
do alinhamento Washingtom – Tel-Aviv.
Lembre-se, a
propósito, a recente notícia de que Donald «Trump
ameaça fechar delegação da OLP» em Washington, apresentada como mecanismo
de pressão para forçar os palestinianos a negociações construtivas com Israel,
mas que depois de conhecida a reaproximação entre os dois movimentos
palestinianos (a OLP e o Hamas, movimento próximo da Irmandade Islâmica) parece
mais uma manobra para agradar à Arábia Saudita (isto na sequência de em
Maio último termos lido que contratos de 110 mil milhões de dólares foram
assinados durante uma visita de Trump) e ao lobby judaico norte-americano, que terá um digno representante em
Jared Kushner (o genro, de ascendência e formação judaica, que Trump encarregou
do dossier israelo-palestiniano), obviamente visto com enorme suspeita pelo
lado palestiniano.
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