domingo, 6 de agosto de 2017

VENEZUELA PARTIDA

Consumada a coexistência de duas câmaras legislativas (a Nacional e a agora eleita Constituinte) agrava-se o quadro político na Venezuela ao ponto de se poder dizer que «Maduro inaugurou a constituinte e abriu novo capítulo na história da Venezuela».

Que não será um capítulo pacífico, é hoje uma quase certeza.


A conjuntura político-social aponta cada vez mais para uma Venezuela partida, cuja divisão poderá rapidamente descambar para um conflito armado e onde, obviamente, as partes atribuem a exclusividade da culpa à outra.

Para ajudar este clima, a imprensa e a opinião pública (local e externa) pouco têm contribuído para a formação de juízos equilibrados ou para a mediação. Abunda a difusão de opiniões diabolizando Nicolás Maduro e os seus apoiantes (com casos confirmados de clara e vergonhosa manipulação da informação, como relatou Daniel Oliveira no artigo «Imprensa e Venezuela: uma história exemplar de manipulação») enquanto se “esquece” que os opositores democráticos são os mesmos que em 2002 tentaram contrariar as sucessivas vitórias eleitorais de Hugo Chávez fomentando uma tentativa de golpe militar para derrubar o governo legítimo e que desde então têm tentado por todos os meios, incluindo a violência, alterar a situação política interna sem revelarem outra ideia que não seja um anti-chavismo quase primário.

Perante este cenário será cada vez mais difícil escolher entre Nicolás Maduro (personalidade a quem falta o carisma de Hugo Chávez e muito saber político para enfrentar a situação, com o demonstra a ideia de eleger uma Assembleia Constituinte) e o triunvirato (Leopoldo López, Henrique Capriles e Maria Corina Machado) criado à volta do MUD (a Mesa de Unidade Democrática), cujo historial pouco ou nenhum juz faz ao nome nem contribui para o estabelecimento das indispensáveis pontes de diálogo que conduzam a uma solução.

Sem comentários: