Consumada a
coexistência de duas câmaras legislativas (a Nacional e a agora eleita
Constituinte) agrava-se o quadro político na Venezuela ao ponto de se poder
dizer que «Maduro
inaugurou a constituinte e abriu novo capítulo na história da Venezuela».
Que não será
um capítulo pacífico, é hoje uma quase certeza.
A conjuntura
político-social aponta cada vez mais para uma Venezuela partida, cuja divisão
poderá rapidamente descambar para um conflito armado e onde, obviamente, as
partes atribuem a exclusividade da culpa à outra.
Para ajudar
este clima, a imprensa e a opinião pública (local e externa) pouco têm
contribuído para a formação de juízos equilibrados ou para a mediação. Abunda a
difusão de opiniões diabolizando Nicolás Maduro e os seus apoiantes (com casos
confirmados de clara e vergonhosa manipulação da informação, como relatou Daniel
Oliveira no artigo «Imprensa
e Venezuela: uma história exemplar de manipulação») enquanto se “esquece”
que os opositores democráticos são os mesmos que em 2002 tentaram contrariar as
sucessivas vitórias eleitorais de Hugo Chávez fomentando uma tentativa de golpe
militar para derrubar o governo legítimo e que desde então têm tentado por
todos os meios, incluindo a violência, alterar a situação política interna sem revelarem
outra ideia que não seja um anti-chavismo quase primário.
Perante este
cenário será cada vez mais difícil escolher entre Nicolás Maduro (personalidade
a quem falta o carisma de Hugo Chávez e muito saber político para enfrentar a
situação, com o demonstra a ideia de eleger uma Assembleia Constituinte) e o
triunvirato (Leopoldo López, Henrique Capriles e Maria Corina Machado) criado à
volta do MUD (a Mesa de Unidade Democrática), cujo historial pouco ou nenhum
juz faz ao nome nem contribui para o estabelecimento das indispensáveis pontes
de diálogo que conduzam a uma solução.
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