A notícia de
que o «"Sim"
a reforço de poderes do presidente vence referendo» realizado na Turquia
esconde uma profunda divisão expressa na distribuição dos votos, o que permite
a conclusão de que a «Vitória
curta do "sim" no referendo "foi o pior resultado para a
Turquia"».
A reduzida
margem de vitória já levou a que o «Principal
partido da oposição apresenta pedido de anulação do referendo turco», coisa
que não se estranha, tal como ninguém terá ficado espantado ao saber que «"Há
suspeitas de que até 2.5 milhões de votos possam ter sido manipulados"»
ou que a «OSCE
considera que referendo turco não foi democrático»; espantoso é que ainda
continuemos a ler na imprensa ocidental quem acredite que em Julho de 2016
alguém tentou liquidar as pretensões de Recep Tayyip Erdogan (a versão moderna
do obsessivamente ambicioso vizir Iznogoug, criado pela pena do magistral René
Goscinny e dado à estampa em desenhos de Tabary) e poucas sejam as referências à
verdadeira natureza da encenação que foi o detonador de milhares de detenções e
duma purga no aparelho de Estado que acelerou todo este projecto de poder
pessoal.
Naturalmente
que o sucesso de mais um candidato a autocrata já mereceu reacções de campos
aparentemente tão diversos como os EUA e a Rússia, com a notícia de que «Trump
felicita Erdogan por vitória no referendo turco» e que «Putin
(também) deu os parabéns a Erdogan pelo resultado do referendo».
O resultado do
referendo promovido por Erdogan poderá conferir-lhe os poderes por que anseia,
poderá até resultar num ambicioso projecto pessoal, mas duvido que a Turquia
possa esperar tranquilamente um futuro melhor.
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