quinta-feira, 20 de abril de 2017

TURQUIA DIVIDIDA

A notícia de que o «"Sim" a reforço de poderes do presidente vence referendo» realizado na Turquia esconde uma profunda divisão expressa na distribuição dos votos, o que permite a conclusão de que a «Vitória curta do "sim" no referendo "foi o pior resultado para a Turquia"».


A reduzida margem de vitória já levou a que o «Principal partido da oposição apresenta pedido de anulação do referendo turco», coisa que não se estranha, tal como ninguém terá ficado espantado ao saber que «"Há suspeitas de que até 2.5 milhões de votos possam ter sido manipulados"» ou que a «OSCE considera que referendo turco não foi democrático»; espantoso é que ainda continuemos a ler na imprensa ocidental quem acredite que em Julho de 2016 alguém tentou liquidar as pretensões de Recep Tayyip Erdogan (a versão moderna do obsessivamente ambicioso vizir Iznogoug, criado pela pena do magistral René Goscinny e dado à estampa em desenhos de Tabary) e poucas sejam as referências à verdadeira natureza da encenação que foi o detonador de milhares de detenções e duma purga no aparelho de Estado que acelerou todo este projecto de poder pessoal.

Naturalmente que o sucesso de mais um candidato a autocrata já mereceu reacções de campos aparentemente tão diversos como os EUA e a Rússia, com a notícia de que «Trump felicita Erdogan por vitória no referendo turco» e que «Putin (também) deu os parabéns a Erdogan pelo resultado do referendo».

O resultado do referendo promovido por Erdogan poderá conferir-lhe os poderes por que anseia, poderá até resultar num ambicioso projecto pessoal, mas duvido que a Turquia possa esperar tranquilamente um futuro melhor.

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