Enquanto no
plano interno, quando já há quem anteveja que as «Eleições
presidenciais de 2016 ameaçam recorde de candidatos em 1986», parece
cada vez mais evidente que não é apenas a campanha para as eleições
legislativas que está em curso, no plano europeu o centro de
atenções continua a ser a situação grega sobre a qual se diz que «Bruxelas
admite que não haja acordo com a Grécia até ao fim do mês».
Sendo certo
que os sectores afectos ao pensamento ordoliberal insistem na tónica de que o
problema grego é fundamentalmente uma questão de natureza orçamental – cuja solução
passa pela continuidade, senão pelo aprofundamento, das políticas de
austeridade – habituados que estavam à insignificante oposição levantada,
talvez estranhem que o novo governo grego ensaie outra solução que não aquela
que resultou numa quebra de quase 25% do seu PIB.
Entre
reuniões, comunicados e notícias (que não raras vezes pouco mais constituem que
verdadeiros ultimatos, como o que ressalta da afirmação produzida pelo porta-voz da CE, o ex-conselheiro
económico de Durão Barroso e ex-eurodeputado pelo PPE Margaritis Schinas, de
que a «Comissão
Europeia “não está satisfeita” com as negociações com Atenas e pede
“progressos”» ou das declarações de Wolfgang
Schäuble, o ministro das finanças alemão, que embora dizendo que «"Temos
responsabilidades para com a Grécia e não vamos desconsiderar essa
solidariedade"», de pronto as condicionou à submissão grega ao
programa negociado com a “troika”) o actual
governo grego vai resistindo a repetir as políticas de completa subserviência
dos seus antecessores; o tempo escasseia e joga obviamente a favor dos
interesses dos credores e dos líderes europeus mais apostados em servi-los que
àqueles que os elegeram. A pressão do sector financeiro – seja directamente,
por intermédio do BCE ou das agências de notação de risco (de que a recente
notícia de que a «Standard
& Poor's baixa rating da Grécia» é um claro exemplo) – tem vindo a
desgastar a estratégia de resistência do Syriza e faz crescer as
hipóteses deste aceder às exigências da UE ou de colapsar e obrigar a nova
consulta eleitoral.
Confirmada
a evidência do acuamento da posição grega (tanto mais que os anunciados
extremistas nunca fizeram qualquer menção ao recurso à “bomba atómica”
financeira que seria o “default”,
limitando-se a aludir a um possível
adiamento dos reembolsos agendados para Maio), persistindo a fragilidade da
Zona Euro (especialmente porque a imposição da visão ordoliberal continua a
impedir qualquer veleidade de reforma do sistema financeiro do euro) começa a
desenhar-se inexoravelmente o cenário da rendição grega, a menos que os
processos eleitorais que irão decorrer nos próximos meses por essa Europa
tragam para a ribalta política o oxigénio de diferentes ideias e novas
abordagens...
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