terça-feira, 13 de julho de 2010

FOLCLORE POLÍTICO

Interessante a leitura da notícia do PUBLICO sobre o primeiro dia das Jornadas Parlamentares do PSD que destacando as opiniões expressas por três dos ilustres convidados – o sociólogo Manuel Villaverde Cabral e os economistas e ex-ministros Ernâni Lopes e Campos e Cunha –, com o primeiro a defender que o PSD deveria apresentar uma moção de censura ao Governo e o segundo a pugnar pela necessidade de uma redução de entre 15 e 20% nos salários da função pública (incluindo políticos).

Perante isto não será de estranhar, como refere a própria notícia, que aquela foi «uma tarde sombria» e, pior terá sido, quando o antigo ministro das finanças do primeiro governo de José Sócrates defendeu a contabilização do voto em branco, gerando assim assembleias com um número variável de deputados.

Não será pois de estranhar que, como sugere o título da notícia, a proposta tenha “gelado” o PSD… e que o mesmo, diga-se, terá feito aos leitores dos outros quadrantes políticos.

Mesmo em tom brejeiro (e particularmente adequado à época estival) apetece-me deixar aqui algumas interrogações:

Porque é que estas individualidades raramente expressam ideias destas durante as suas passagens pelo poder?

Porque é que ideias destas (e tantas outras) que regularmente são recolhidas em reuniões de idênticas características ou expressas em artigos de opinião em jornais e na Internet, pela sua relevância não ganham foros de aplicação?

Como a época é particularmente propícia ao remanso e ao descanso aqui deixo de imediato a resposta: porque aquele tipo de ideias são geralmente pouco agradáveis – quando não profundamente lesivas – dos interesses do poder e dos sectores que o apoiam e portanto destinadas apenas ao folclore político.

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