quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

POLÍTICOS FRACOS – MOEDAS FRACAS

Ainda esta semana decorrerá uma cimeira europeia que, no entender do JORNAL DE NEGÓCIOS[1], deverá apresentar um plano para socorrer a Grécia.

Embora aceitável do ponto de vista do óbvio interesse europeu na defesa da sua divisa, parece-me muito pouco provável que tal ocorra
[2], pelo menos para já, pois o passado recente da UE, na perspectiva da construção dum espaço político-económico sólido e solidário, deixa cada vez mais a desejar.

Não o digo apenas por causa de coisas gravíssimas, como a aprovação do Tratado de Lisboa à revelia da opinião pública europeia (ou em manifesta oposição como ficou bem claro após a rejeição do primeiro referendo realizado na Irlanda), mas principalmente pela crescente insignificância das Comissões presididas por Durão Barroso ou pela nomeação dos anódinos Herman Von Rompuy, para a presidência da União, ou Catherine Ashton, como alta-representante para os Negócios Estrangeiros, que só pode ser entendida numa estratégia dos países mais fortes para minar na essência o funcionamento da comunidade.

A comprovar a evidente fragilidade da actual EU, veja-se a total incapacidade dos seus líderes entenderem a absoluta necessidade da introdução de novas regras de funcionamento para os mercados financeiros e para o conjunto de um sector económico particularmente responsável pela crise mundial., facto que até a própria administração norte-americanos já começa a reconhecer. Mesmo que a proposta presidencial de voltar a impor uma separação entre a banca de investimentos e a banca comercial possa esbarrar na intransigência do Partido Republicano, a apresentação da proposta revela já uma maior preocupação que os homólogos europeus desconhecem de todo.

A tibieza europeia está a originar custos para os estados membros que vão além dos de dimensão e projecção estratégica, como a quase total ausência da Europa no debate das grandes questões globais[3].

Isso mesmo ser comprovado mediante uma rápida leitura da generalidade da imprensa e das notícias contraditórias que têm sido publicadas a propósito da avaliação da problemática dos crescentes défices públicos, seja quando as empresas de “rating” insistem no aumento do risco das dívidas denominadas em euros (Grécia, Portugal, Espanha, etc.) mas pouco ou nada informam relativamente a outras divisas (dólares, libras e yens) e outros países (EUA, Reino Unido e Japão) que apresentam volumes de endividamento significativamente superiores, seja quando se desdizem a propósito dos riscos associados à dívida de cada estado[4], assim contribuindo para alimentar um ciclo de especulação sobre o euro, as dívidas denominadas nessa moeda, os estados que compõem a UE e a própria União.
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[1] A notícia referida pode ser lida aqui.
[2] Mesmo considerando esta recente notícia do LE MONDE.
[3] Exemplo disso mesmo tem sido a exclusão da Europa no processo de concertação entre os EUA e a China, patente quer na recente Cimeira de Copenhaga quer na preparação da última visita que Barack Obama fez à Ásia (China e Japão)
[4] Exemplo claro disso é uma notícia do ECONÓMICO segundo a qual a Fitch (uma das três grandes agências de notação de risco, a par com a Moody’s e a Standard & Poor’s) diz que «Risco de incumprimento de Portugal é “próximo de zero”» quando nas vésperas e segundo esta outra notícia do mesmo jornal: «Risco da dívida portuguesa sobe mais que o da Grécia», fora o próprio presidente daquela empresa a colocara situação portuguesa a par da grega; outro exemplo pode ser esta notícia do JORNAL DE NEGÓCIOS que no dia 13 de Janeiro divulgava a opinião da Moody’s de que «Portugal enfrenta risco de morte lenta», quando agora, o mesmo jornal, já anuncia que «Moody"s diz que situação de Portugal não é comparável com a da Grécia».

1 comentário:

Anónimo disse...

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