terça-feira, 16 de setembro de 2008

MAIS UM SINAL DOS TEMPOS?

Forçado a demitir-se por fundadas acusações de corrupção[1], ficaremos a conhecer amanhã o sucessor de Ehud Olmert na liderança do Kadima e seu possível sucessor à frente do governo de Israel.

Os dois candidatos são Shaul Mofaz (Ministro dos Transportes) e Tzipi Livni (Ministra dos Negócios Estrangeiros), ambos ministros no gabinete que Olmert tem chefiado, mas segundo o YEDIOT AHARONOT as semelhanças entre os dois candidatos terminam aqui e se Tzipi se apresenta como uma incógnita, face ao pragmático Mofaz, a vitória do seu adversário é vista por muita gente como um terramoto para o Kadima, cujas réplicas poderão mesmo originar uma divisão no partido.

Enquanto o actual Ministro dos Transportes e antigo Ministro da Defesa pode invocar o seu treino e passado militares, Tzipi Livni apenas poderá recordar a sua passagem pela… Mossad[2]! É verdade, a favorita nas sondagens foi agente da polícia secreta israelita[3].

Se a conjuntura não se alterar significativamente, depois de um Putin que chegou à política após uma passagem pelo KGB[4], poderemos vir a ter uma primeira-ministra israelita que também foi agente-secreta.

Dito assim, pode parecer que a anterior actividade de Tzipi Livni constituirá, em meu entender, algum óbice à sua possível escolha para a liderança do Kadima ou do governo de Israel, porém, o que deveria ser efectivamente preocupante era o conhecimento (pela positiva ou pela negativa) de qualquer envolvimento dos candidatos em “actividades” idênticas às que provocaram a “queda” de Ehud Olmert.

Quanto à importante questão palestiniana, não creio que qualquer deles possa vir a constituir uma efectiva contribuição para a única solução que me parece viável e com sustentabilidade para perdurar no futuro – a da integração das populações palestinianas e israelitas, em situação de efectiva igualdade de deveres e direitos, num estado onde as duas nações possam cooperar e prosperar – algo que se os homens continuarem a revelar-se intransigentes, talvez circunstâncias como a profunda crise que abala o sistema financeiro mundial (um dos mais importante bastiões mundiais do “lobby” judaico) possa vir a alterar.
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[1] As cada vez mais frequentes alusões tornaram-se uma irrefutável realidade após a confissão em tribunal que o milionário judeu americano Morris (Moche) Talansky fez dos pagamentos ilegais efectuados a Olmert ao logo de mais de uma década, como noticiou o HAARETZ.
[2] A Mossad é a agência de informação (espionagem ou inteligência) israelita, orientada para a realização de operações fora das suas fronteiras; a congénere cujo teatro de operações se confina ao interior do território israelita é o Shin Bet.
[3] Desenvolvimentos sobre esta informação podem ser lidos nesta notícia do TIMES on line.
[4] KGB era a designação da agência de informação russa na época da União Soviética; equivalente à congénere norte-americana CIA, acumulava às actividade externa a vertente de segurança interna, que no modelo americano é desempenhado pelo FBI.

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