Não sendo natural esperar uma significativa melhoria dos resultados nos exames da 2ª fase (por norma recorrem a esta os alunos que não alcançaram resultados positivos na 1ª fase), torna-se particularmente evidente o pessimismo de que se reveste o artigo publicado pelo DIÁRIO ECONÓMICO, que sugestivamente se intitula «Insucesso escolar em Matemática é nefasto para o crescimento» e que enumera os muitos problemas resultantes da inexistência de trabalhadores com formação adequada nas áreas técnicas.
Se este é o cenário pouco animador ao nível do ensino secundário, os resultados dos exames no 9º ano de escolaridade, que actualmente corresponde à escolaridade obrigatória, são ainda mais preocupantes. Com uma classificação média de 3,21 (numa escala de 1 a 5) à disciplina de Português e de 2,12 na de Matemática, estes resultados são ainda piores que os do 12 º ano e revelam resultados ambivalentes relativamente a 2006, ano em que as médias foram de 2,65 e 2,39 a Língua Portuguesa e Matemática, respectivamente.
Concretamente quanto a esta última disciplina os resultados revelam bem mais que as dificuldades que o Ministério da Educação admite (ver nota de 11 de Julho) tornando pouco credível o tom de optimismo com que defende a eficácia futura do Plano de Acção para a Matemática.
Mesmo sem querer por em causa a boa vontade de todos os que se têm vindo a debruçar sobre a implementação de uma estratégia para a inversão da tendência actual, continuo a insistir na ideia de que a primeira grave lacuna no sistema de ensino no nosso país é a inexistência de um sistema que premeie o esforço. A ideia em tempos lançada e que parece continuar a vingar entre os responsáveis pela definição das políticas educativas nacionais de que o processo de aprendizagem é algo que se pode realizar no âmbito de um processo lúdico, conduziu a que os jovens realizem o seu percurso de escolaridade obrigatória sem nunca serem alvo de um processo de avaliação que determine o nível de competências efectivamente adquirido e que, simultaneamente, funcione como estímulo/recompensa pelo esforço despendido.
Assim, não creio que por melhor estruturado, elaborado e implementado que seja este, ou outro, Plano de Acção para a Matemática possa obter os resultado que efectivamente necessitamos, a menos que o mesmo seja acompanhado de uma radical alteração no funcionamento do nosso sistema de ensino, traduzida na recuperação do princípio de que a aprendizagem exige esforço e trabalho (a professores e alunos) e que é precisamente isso que a sociedade lhes exige.
Enquanto não substituirmos o “nacional porreirismo” e o facilitismo que imperam no nosso sistema de educação (e na sociedade em geral) dificilmente alcançaremos os resultados que se julgam necessários e se diz pretendermos alcançar.
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