quinta-feira, 27 de maio de 2010

LENDO AS NOTÍCIAS

Duas notícias da imprensa económica nacional – «China nega que esteja a sair da dívida europeia», publicada no JORNAL DE NEGÓCIOS e «Euro avança mais de 1%», publicada no ECONÓMICO – despertaram hoje a minha atenção, pelo que podem servir de exemplo sobre a forma como devem ser lidas as notícias.

Sem aparente conexão (salvo o facto de ambas se referirem à Europa e à sua moeda única), as notícias poderão ser entendidas seja como reflexo uma da outra[1] (o euro sobe porque surgem notícias sobre as intenção de um dos grandes investidores nessa moeda e a China reafirma a sua intenção de continuar a fazer aplicações em euros porque esta moeda mantém os seus pontos fortes) seja como sinal para os mercados de que a economia que apresenta maior liquidez (a chinesa) mantém a apetência pela aquisição da divisa e da dívida nela titulada.

Dever-se-á concluir que agora tudo estará bem no reino da eurolândia?

De modo nenhum, mas notícias deste tipo representam um claro exemplo de quanto a informação sobre problemas como os das dívidas soberanas ou os das oscilação de cotações nos mercados de capitais ou de preços nos mercados das matérias-primas pode ser falaciosa, deturpadora e/ou manipuladora da opinião pública.
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[1] Curiosamente o ECONÓMICO estabelece uma relação entre a notícia da valorização do euro e uma outra que ele próprio publicou e que reflecte a afirmação de um antigo governador do Bundesbank, Helmut Schlesinger, de que o «Euro não está em perigo», como se esta tivesse um peso significativo em detrimento da outra.

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