terça-feira, 21 de maio de 2019

FALTA TEMPO


Quase concluída mais uma campanha eleitoral, triste se torna confirmar a repetição de modelos antigos e erros velhos que culminarão quase inevitavelmente numa elevada abstenção.

Mesmo sendo estas umas eleições tipicamente caracterizadas pela elevada abstenção e apesar de nunca ter conseguido entender porque razão as eleições europeias terão que sofrer esse anátema, seria de esperar dos principais partidos concorrentes acrescidos cuidados quando no geral todos procuram fazer-se ouvir na crítica às tendências proteccionistas e xenófobas que vão alastrando pela Europa. Ao invés temos assistido ao tradicional desfile por feiras e mercados e à habitual troca de acusações e outros mimos entre candidatos que pouco ou nada falam sobre a UE e sobre as suas ideias para melhorar o seu funcionamento.

Mesmo para os que consideram que o período de campanha eleitoral não será o mais adequado para o debate de ideias – resta saber qual será ele então – esta está ser mais uma campanha de “casos” com o centro das atenções a ser invariavelmente focada na política interna e não na dimensão europeia como seria de exigir. Digo exigir porque também o eleitorado continua a primar por nada exigir dos candidatos e dos seus principais apoiantes. Nem intenções ou ideias, por mais vagas que fossem, parecem motivar ou interessar eleitores e candidatos, que nesta mansa bonomia continuam a facilitar a tarefa de quantos se apostam no esfrangalhamento do projecto europeu.


Assim, pouco faltará para recordarmos, pelas piores razões, aquela estrofe de Chico Buarque de Hollanda;
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
[...]
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
n'algum canto de jardim

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