A fábrica dos sonhos de Hollywood tem por vezes (muito raras vezes) a
capacidade de mostrar mais do que talvez desejasse. Isso se poderá dizer do
filme realizado por Adam McKay sobre a figura de Dick Cheney.
Não vou aqui analisar o filme nem o que sobre ele
pode ser reflectido, melhor que eu já o
fez Viriato Soromenho-Marques no seu «O assalto à Casa Branca». Quero só
deixar um pequeno contributo que me ocorreu algures a meio da visualização de
um trabalho que revelando as incongruências e as idiossincrasias de um sistema
político profundamente corrompido (veja-se a cena da “chegada” do estagiário Cheney
aos corredores do Congresso) joga ainda nas subtilezas da língua quando se
apresenta com um título que tanto pode aludir ao cargo de Dick Cheney na
administração de George W Bush como ao enraizado vício (que é esse o significado
do termo "vice") pelo poder que todos aqueles personagens representam.