A fechar o ano
e segundo uma antiga tradição, esta é a época para fazer o balanço do ano que
termina e formular planos e perspectivas para o que se inicia. Para não fugir à
regra também o presidente da Comissão Europeia, o luxemburguês Jean-Claude
Juncker, aproveitou para dar o seu contributo num artigo intitulado «O
mundo precisa da Europa» – que o DN
publicou juntamente com outros assinados pelo ex-primeiro ministro britânico,
Gordon Brown, pelo galardoado com o prémio Nobel de Economia de 2001, Joseph
Stiglitz – e onde a par de afirmações mais ou menos consensuais, como a de que «...a Europa é agora o lugar mais tolerante,
livre e igualitário para se viver em qualquer parte do mundo» produz outras
que podem ser equiparadas a meras declarações de marketing (para não dizer que
absolutamente risíveis), quando assegura que «...a União Europeia (UE) pode proporcionar a estabilidade e a esperança de
que o mundo necessita tão desesperadamente...».
No cômputo
geral até se poderia deixar passar a leviandade da afirmação que a «...nossa marca de liderança não é sobre pôr a
Europa Primeiro», não fosse esta ideia complementada com a jactante
afirmação de que ao «...contrário,
trata-se de sermos os primeiros a responder ao apelo por uma liderança quando
isso é importante», como se a UE pudesse ostentar algum orgulho na
liderança que Juncker ou o seu antecessor Durão Barroso imprimiram no Velho
Continente.
Graças a eles
e às equipas de que se rodearam, a UE e a moeda-única passaram de uma posição
de forte concorrência ao omnipotente dólar americano para uma de completa
subalternidade; depois de numa primeira fase se terem demarcado dos interesses
norte-americanos relativamente ao Iraque, envolveram-se, directa ou
indirectamente, em acções militares no Norte África (Líbia) e no Médio Oriente
(Síria), quando não contribuíram, por vezes até por mero interesse alemão, para
fomentar a instabilidade na fronteira leste da UE (Geórgia e Ucrânia), sem que
daí adviessem vantagens palpáveis.
Por
fim assegura que a melhor forma de contrariar as tendências nacionalistas passa
por «...pôr a nossa própria casa em
ordem, particularmente na frente económica, aumentando o investimento através
de novas formas de parcerias públicas e privadas...», o que não augura para
2019 e para a UE outra coisa senão a continuação das políticas em prejuízo do
interesse geral dos cidadãos europeus, o que me leva a formulara a questão que
dá título a este texto: o mundo talvez precise da Europa, mas a Europa é que
dispensava seguramente estes “Junckers” que a têm tornado menos democrática e igualitária.
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