domingo, 11 de março de 2007

NÃO É SÓ O IRAQUE QUE ESTÁ EM GUERRA

A recente cimeira realizada em Bagdad, que reuniu representantes diplomáticos dos países vizinhos, da potência ocupante e de organizações regionais e internacionais, ou as notícias que recentemente vão dando conta de uma nova vaga de contestação à projecta construção de um novo aeroporto na Ota, seriam tema bastante para abordar agora. Porém, porque correria o risco de esquecer a árvore à vista da floresta não posso deixar passar em claro o que nos últimos dias tem “incendiado” a blogoesfera local.

No agora popularizado “hotel dos inúteis” (epíteto atribuído à blogoesfera local graças a uma corruptela de «O ALMEIRINENSE» que transcrescreveu erradamente a expressão “OTL dos inúteis” utilizada pelo Presidente da Câmara, Sousa Gomes) mereceu particular destaque nos últimos dias a publicação de uma carta assinada pelo ex-vice-Presidente, onde este esclarece a sua posição relativamente ao abandono daquelas funções.

Polémicas aparte o que Francisco Maurício agora veio fazer foi esclarecer parte do desaguisado, deixando bem claras as razões que o conduziram à renúncia do cargo de vice-Presidente. Se dúvidas houveram em meados de Novembro (quando da formalização do pedido) encontram-se hoje respondidas quando Francisco Maurício cita a carta do pedido de renúncia na qual acusa a existência de «…ultrapassagens inconcebíveis em relação a decisões por mim tomadas, de acordo com as competências que, supostamente, me teria delegado.

A maior parte dessas desconsiderações terão tido origem na sua Chefe de Gabinete que, diga-se é, na minha opinião, a principal responsável pelo mau ambiente entre nós e entre todos os funcionários desta entidade que temem as suas implacáveis represálias, escudando-se no Presidente da Câmara e sobre o qual são feitas as mais diversificadas especulações quanto ao sustentar desta situação e que, espero, não tenham qualquer fundamento

Mas o que começou por ser uma situação de desentendimento (por mais grave que aquele se entenda) dentro da equipa encarregue da gestão autárquica de Almeirim, já se espalhou a outras realidades. Não tardou que se fizesse ouvir a voz de Armindo Bento, Presidente da Assembleia Municipal e correligionário do Presidente do Executivo, lamentando o sucedido e criticando Sousa Gomes.

A estes factos, outros se têm vindo a juntar, nomeadamente a polémica em torno de um concurso interno na Câmara Municipal de Almeirim e da classificação nele obtida pela chefe de gabinete e a realização de um jantar de apoio a Sousa Gomes que teve lugar no dia 22 de Fevereiro, conforme notícia de O ALMEIRINENSE.

Como se não bastasse esta bafienta iniciativa (algo muito comum durante a vigência do Estado Novo e que seria bom que com ele tivesse morrido), durante aquele ainda foi noticiada a instauração de um processo disciplinar interno ao Presidente da Assembleia Municipal.

Que há algum tempo parece evidente que o Presidente Sousa Gomes perdeu o controlo da situação, pouca gente em Almeirim terá dúvidas, mas que para sustentar a sua posição seja necessário o recurso ao tipo de manobras anteriormente descritas parece-me profundamente revoltante, revelador de mais que simples desnorte, vindo ainda confirmar o clima interno repressivo a que Francisco Maurício se refere.

Os meios de comunicação local (O RIBATEJO, O MIRANTE e O ALMEIRINENSE) têm vindo a relatar os diferentes desenvolvimentos desta polémica, dando relevo a diferentes aspectos da mesma, mas talvez mais significativos sejam alguns dos comentários à carta publicada a pedido de Francisco Maurício em vários blogues:

Perante tudo isto parece-me cada vez mais premente a necessidade de lançar um processo de séria reflexão local sobre o futuro da nossa Autarquia, uma vez que o avolumar de conflitos (da guerra aberta com Francisco Maurício já se passou a outra com Armindo Bento) não pressagia grande fim para esta polémica, indicia que a razão poderá estar já arredia de todos eles mas que em última instância quem irá suportar os custos de tudo isto serão os munícipes. Talvez esteja a chegar a oportunidade destes tomarem em mãos a defesa dos seus interesses em vez de a delegarem em quem parece cada vez menos interessado neles.

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