sábado, 18 de junho de 2011

O NOVO GOVERNO


Concluídas as delicadas negociações entre PSD e CDS...


...e conhecida a composição do governo liderado por Pedro Passos Coelho:
Finanças - Vítor Gaspar
Economia - Álvaro Santos Pereira
Negócios Estrangeiros - Paulo Portas (CDS)
Defesa - Aguiar-Branco (PSD)
Justiça - Paula Teixeira da Cruz (PSD)
Administração Interna - Miguel Macedo (CDS)
Ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas (PSD)
Segurança Social - Pedro Mota Soares (CDS)
Educação e Ensino Superior - Nuno Crato
Agricultura, Ambiente e Território - Assunção Cristas (CDS)
Saúde - Paulo Macedo

Ressalta a importância das escolhas para as pastas das Finanças e Economia – dois “independentes” (um ex-consultor de Cavaco Silva enquanto desempenhou as funções de primeiro-ministro e outro próximo de Eduardo Catroga, ex-ministro das finanças de Cavaco Silva e a quem apelida no seu último livro de «...importante fonte de inspiração») e reputados técnicos nas matérias – mesmo que a imprensa especializada  (ECONÓMICO) não tenha deixado de referir num artigo de opinião do seu director que os nomes de «Vítor Bento, Eduardo Catroga e Carlos Costa estiveram em cima da mesa e foram até convidados a integrar o novo executivo». Ambos são conhecidos pelas suas opiniões (publicadas) sobre a indispensabilidade de livre funcionamento dos mercados e Vítor Gaspar é até regularmente apontado como um fundamentalista nessa matéria.

Á primeira vista tudo parece bem encaminhado para a prossecução das directrizes definidas pelo FMI, pelo BCE e pelo FEEF para o “financiamento” dos tão falados 78 mil milhões de euros que irão “salvar” o país da falência, pelo que o novo chefe do governo não revelou qualquer veleidade ou intenção de arriscar um mínimo que seja, nesta matéria,o mesmo não se poderá dizer da inclusão de “independentes” com conhecidas opiniões próprias, mas isso será questão a seguir...

O CDS terá falhado o lugar mais alto da hierarquia governativa, mas conseguiu as pastas que mais lhe interessavam: os negócios estrangeiros, pela projecção pessoal que poderá proporcionar a Paulo Portas (no futuro veremos se as apreciações produzidas por Ana Gomes e noticiadas, por exemplo, aqui pelo EXPRESSO se confirmarão ou não), a administração interna, a segurança social e a agricultura, os seus grandes chavões eleitorais .

Por último duas referências: uma para a escolha do novo ministro da saúde, não pelas extraordinárias referências do seu titular – Paulo Macedo deixa a administração do BCP, depois duma rápida passagem pelo lugar de director-geral dos impostos (quando Manuela Ferreira Leite foi ministra das finanças de Durão Barroso) – mas pelo pronto aplauso das corporações do ramo (Ordem dos Médicos, Ordem dos Enfermeiros e pela Associação Nacional de Farmácias), fenómeno tão preocupante quanto a sua conhecida ligação ao sector dos seguros de saúde não augura nada de bom para a generalidade das populações; a outra para a presença no governo do secretário-geral do PSD (Miguel Relvas) que além de contrariar a promessa eleitoral do CDS de distinguir as funções governativas das partidárias, renova o que de pior temos visto nos últimos governos na forma duma constante promiscuídade entre aparelhos políticos e cargos governativos.

Para finalizar, temos o anúncio dum governo com um menor número de ministros, como Passos Coelho prometera durante a campanha, mas cuja real dimensão apenas ficará esclarecida quando forem conhecidas as escolhas para as secretarias de estado.

Sem comentários: