Logo no início da campanha eleitoral referi aqui a propósito da afirmação de António Vitorino[1] que «...reduzir as escolhas eleitorais a um plebiscito sobre uma pessoa é o grau zero da política!» que o verdadeiro problema residia na estreiteza de vistas das elites políticas, económicas e culturais do país que, por manifesta incapacidade e em claro benefício próprio, transformaram paulatinamente cada acto eleitoral numa vazia acção de marketing, convertendo abusivamente a escolha dos representantes do órgão legislativo e fiscalizador por excelência – o parlamento – num processo de eleição do primeiro-ministro. Para esta alteração de valores muito terá contribuído a diminuta dimensão política dos participantes, mas será que depois de afastado um eucalipto (como em tempos Miguel Cadilhe se referiu a Cavaco Silva) do governo e agora uma azinheira (como me parece ajustado apodar Sócrates), a situação irá mudar?
Propositadamente não me alarguei naquele comentário pois sabia de antemão que conhecidos os resultados eleitorais voltaria ao tema, porque a similitude entre PS e PSD e as mínimas diferenças (para pior) com o CDS originaria o mesmo vencedor de sempre e a evidência do verdadeiro GRAU ZERO DA POLÍTICA, espelhado na nomeação para a formação de novo governo por Pedro Passos Coelho.
Senão vejamos, o que é que José Sócrates, Passos Coelho ou Paulo Portas acrescentaram à desgastadíssima fórmula política desta nossa II República?
Além da demagogia de Sócrates, da tibieza mais ou menos hábil de Passo Coelho e do populismo de pacotilha de Paulo Portas, que mais trouxeram estes paladinos da política doméstica?
[1] A citação é deste artigo de opinião no DN.
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