Se o último areópago europeu não se poupou nos encómios ao novo primeiro-ministro Passos Coelho (o EXPRESSO escreve mesmo que «Portugal de novo o aluno exemplar», sem se perceber porquê), o mesmo não se poderá dizer sobre a questão grega, relativamente à qual a chanceler Merkel afirmou previamente que não deveriam haver «decisões operacionais».
Por outras palavras, o directório da UE (com a Alemanha à cabeça) insiste na mesma política de salvaguarda dos interesses das grandes economias (Alemanha, França) e dos seus sistemas financeiros, enquanto aos cidadãos dos países europeus continuam a ser exigidos sacrifícios atrás de sacrifícios, como se pode atestar pela notícia de que «UE e FMI apoiam novo pacote de austeridade grego».
Este permanente empurrar da solução para os bolsos dos contribuintes começa porém a ser objecto duma cada vez mais clara e forte constestação. Enquanto em Bruxelas o primeiro-ministro grego respondia solicitamente às imposições dos seus pares europeus, surgia a notícia de que no seu país os «sindicatos convocam greve geral para 28 e 29 de junho» e até um canal de televisão nacional deu destaque ao sentimento geral de contestação que grassa no país, do qual este vídeo (Mundo - Gregos protestam recusando-se a pagar serviços - RTP Noticias, Vídeo) é exemplo, e que passa já por um clima de clara pré desobediência civil.
Não que esta tenha sido a primeira vez que alguém o faz, mas porque a sucessão de decisões (e em especial de não decisões) sustentadas no eixo Berlim-Paris nos aproxima a passos largos duma crescente concentração de poderes em órgãos comunitários e em personalidades não eleitas e que agem cada vez mais em benefícios de interesses contrários aos da esmagadora maioria dos cidadãos comunitários.
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