quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O MAIOR CASINO DO MUNDO

Bem à moda americana, está montado o circo mediático que culminará em Novembro na eleição do próximo presidente dos EUA.

Para já, e cumprindo previsto no curioso sistema eleitoral norte-americano[1], estão a decorrer as primárias, ou seja, a fase em que Republicanos e Democratas escolhem o respectivo candidato que se submeterá ao sufrágio final, que ao contrário do que ocorre na generalidade dos sistemas democráticos não consiste numa eleição directa e na proporção de um homem – um voto, mas sim num sistema indirecto no qual os eleitores escolhem um colégio eleitoral.

A avaliar pelos resultados dos dois estados – Iowa e New Hampshire – onde já decorreram as eleições entre os Democratas e os Republicanos[2] mantém-se em aberto as hipóteses de todos os principais candidatos. No campo Republicano, à vitória no Iowa de Mike Huckabee sucedeu-se a de John McCain, enquanto entre os Democratas a primeira vitória foi para Barack Obama e a segunda para Hillary Clinton.

Com todas as possibilidades em aberto deveria justificar-se um amplo interesse, quer a nível interno quer internacional, sobre os perfis e as ideias dos candidatos a ocupantes da Casa Branca, porém a realidade parece-me bem diferente.

Desde que nos anos 70 do século passado se deu início às primeiras experimentações na América Latina[3] das teorias ultraliberais da escola monetarista que Milton Friedman instituiu em Chicago, que a economia mundial não tem deixado de caminhar a passos seguros para um processo de rápido enriquecimento dos mais poderosos e ricos. Este movimento, modernamente designado como globalização (termo particularmente adequado já que dentro em pouco não restarão senão as grandes empresas transnacionais), e aquela teoria têm-se revelado como os sustentáculos do crescimento dos lucros das grandes empresas e do aumento da sua influência na esfera política, a ponto da política geoestratégica ter passado a ser dominada por estes interesses.

A situação internacional, no plano político, económico e militar, está de tal forma minada pela agenda dos neoconservadores que dominam actualmente a administração Bush que dificilmente o seu sucessor(a), qualquer que ele(a) seja, dificilmente poderá fazer melhor que continuar o rumo traçado.
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[1] Encontrei aqui disponível informação mais completa e o calendário deste curioso acto eleitoral.
[2] No Wioming já se realizou a eleição entre os Republicanos, com a vitória clara de Mitt Romney, mas a dos Democratas só ocorrerá em Março.
[3] O primeiro país a sentir os efeitos das teorias daquele laureado com o Prémio Nobel foi o Chile que após o golpe militar de Pinochet (ocorrido em 11 de Setembro de 1973) de ter deposto o governo democrático de Salvador Allende deu início a uma política de desarticulação do sector público e de privatização de serviços e sectores económicos básicos, como a saúde e educação.

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