quinta-feira, 29 de novembro de 2007

NAL CADA VEZ MAIS POLÉMICO

Precisamente quinze após aqui ter escrito sobre a necessidade de avaliar a prometida opção Portela+1 como solução válida para o projecto do NAL (pelo menos tanto quanto qualquer outra), retomo o tema após a publicação do estudo encomendado pela Associação Comercial do Porto à Universidade Católica Portuguesa.

Como era de prever o estudo aponta para significativas poupanças face às alternativas já apresentadas – Ota e Alcochete – até porque esta solução apresenta entre outras vantagens a modularidade associada ao facto de iniciar a sua actividade como infraestrutura destinada à operação de voos low cost; assim, face ao custo de três milhões de euros estimado para a opção Ota poderão ser poupados cerca de um milhão de euros, valor que aumentará para mais de 3,5 milhões com outras poupanças na rede de acessibilidades.

É óbvio que mesmo sem dispor de valores concretos nunca tive qualquer dúvida quanto às vantagens que resultarão de uma solução que não passe pela construção de uma pesada infraestrutura aeroportuária (e respectiva rede de acessibilidades) e ainda menos pelo total condicionamento da linha de TGV que deverá ligar Lisboa a Madrid e ao resto da Europa (única que se me afigura como politicamente justificável, já que dificilmente o será do ponto de vista económico).

Mas o que realmente justifica esta minha nova intervenção na questão da construção do NAL é uma notícia de hoje do DIÁRIO DE NOTÍCIAS que assegura que as opções Portela + Montijo e Pinhal Novo[1] não serão contempladas na avaliação que o governo encomendou ao LNEC. Segundo notícia aquele matutino, fonte próxima do processo garante que «”os dois estudos não vão a tempo de ser analisados". Provavelmente, serão incluídos "como anexos" ao relatório comparativo».

Perante esta possibilidade, o mínimo que me ocorre dizer é que o governo de José Sócrates parece disposto a enfrentar os grupos de interesses que defendem as hipóteses Ota e Alcochete, escolhendo um deles, mas de modo algum arriscará enfrentar os interesses do sector da construção civil, prejudicando-os nos vários milhões de euros que qualquer das obras custará. Talvez agora, que o governo parece convencido de ter vencido o déficit orçamental, já não seja preciso “obrigar” os donos das empresas de construção civil a deixar de embolsar os muitos milhares de euros de lucros que a realização da obra lhes proporcionará.

De qualquer das formas mantenho na íntegra a convicção de que continua por justificar a necessidade de um novo aeroporto e que a opção pela construção de mais uma obra faraónica só fará sentido para proporcionar um acréscimo de lucros a alguém... com o corresponde prejuízo de todos nós!
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[1] Resultado de um trabalho desenvolvido pelo engenheiro Pompeu dos Santos, investigador do LNEC, ontem noticiado pela TSF e que aponta a localização no Pinhal Novo como a melhor alternativa para o futuro aeroporto.

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