quarta-feira, 3 de agosto de 2005

CONTINUAMOS COM A MANIA DAS GRANDEZAS

As notícias difundidas no último fim-de-semana de que o governo de José Sócrates pretende lançar um pacote de medidas destinadas a promover o acesso à Internet de banda larga, mereceram-me pouco mais que um sorriso. “Talvez venhamos a ter as escolas públicas minimamente equipadas nesta área”, pensei eu.

Aprofundando a leitura da notícia apercebi-me que se prevê a realização de investimentos na ordem dos 2,5 mil milhões de euros, com o objectivo de duplicar o número de utilizadores de Internet nos próximos cinco anos e conseguir triplicar o número de famílias com acesso à banda larga, voltei a sorrir imaginando o crescimento dos resultados das empresas do ramo: PT, Microsoft e outras...

Voltei a pensar no assunto quando hoje li na página do Diário Digital a notícia de que o governo indiano e a HCL Infosystem (empresa também indiana) tinham lançado um computador de baixo custo, menos de 200 euros, que inclui as funções mais básicas e imprescindíveis para principiantes (processador a 1 GHz, 128 MB de memória RAM, 40 GB de risco rígido, um monitor a cores de 15”, uma unidade óptica, teclado, rato e inclui aplicações básicas que funcionam com o sistema operativo Linux, como um processador de texto, uma folha de cálculo, uma ferramenta de apresentações, navegador, conta de correio electrónico e sistema de leitura áudio-vídeo), tudo isto com o objectivo de impulsionar a alfabetização digital.

É natural que a Índia, país do terceiro mundo, se veja obrigada a recorrer a um qualquer fabricante de equipamentos informáticos “caseiros”, sem garantia de qualidade e assistência pós-venda e, para cúmulo, equipados com um sistema operativo de utilização livre que qualquer um pode retirar da Internet. Portugal, pelo contrário, país membro da CE que apresenta índices de desenvolvimento, crescimento económico e bem-estar social que deixam as “Índias” deste planeta a anos-luz, longe de se preocupar com questões básicas como a aquisição de um equipamento informática, pretende triplicar o número de utilizadores da Internet, deixando às famílias portuguesas o ónus de adquirir equipamentos informáticos, sobredimensionados e com custos três vezes superiores, às multinacionais do ramo que as “obrigam” a adquirir/instalar software da Microsoft...

Se o Bill Gates teve conhecimento destas duas notícias estará seguramente a rir-se de nós enquanto faz uma estimativa grosseira dos milhões de dólares que irão engrossar a sua dilatada conta bancária.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa malha !!! Vou continuar a espreitar.