quarta-feira, 17 de agosto de 2005

CONTINUA O LOGRO


Como não era difícil de prever começaram a chegar às redacções dos jornais ecos das reais motivações do desmantelamento dos colonatos judaicos na Faixa de Gaza.
Perante a indignação dos ultraconservadores sionistas Ariel Sharon lá foi deixando escapar, com umas lágrimas à mistura, que a política de instalação de colonatos vai prosseguir na Cisjordânia, enquanto notícias dessa região dão conta da chegada dos primeiros colonos transferidos da Faixa de Gaza.

Como se não bastasse a confirmação da hipocrisia que continua a grassar na política israelita (com o óbvio beneplácito do “amigo americano”) começam agora a levantar-se as primeiras dúvidas sobre o futuro imediato da Faixa de Gaza.

A manter-se a política israelita de controle discricionário das fronteiras com o estado da Palestina, estar-se-á a condenar a população residente neste território a continuar a funcionar como refém do poder israelita. O controle das fronteiras significa apenas a possibilidade de extinguir pela fome e inanição quase toda a população daquele território, uma vez que esta depende na quase totalidade de deslocações a território israelita para trabalhar e assegurar a aquisição dos géneros básicos.

A economia palestiniana atravessa uma grave crise desde o início da Intifada, em 2000, e o local onde os seus efeitos são mais visíveis é na Faixa de Gaza, por não dispor nem dos parcos recursos de uma agricultura de subsistência nem qualquer indústria, que ainda vai existindo na Cisjordânia.
No seu conjunto a economia palestiniana caiu quase 40% nos últimos 4 anos, com taxas de desemprego de 23% na Cisjordânia e 35% na Faixa de Gaza. Estes dados do Banco Mundial são ainda mais preocupantes quando concluem que nesta zona a taxa de pobreza (os que vivem com 2 UD$ diários ou menos) é da ordem dos 65% contra 32,5% na Cisjordânia.

A prática de restrições à liberdade de movimento das populações, levada a cabo pelo exército israelita, a par com a regular destruição de infra-estruturas (sempre justificada pela necessidade de terminar com o terrorismo palestiniano) tem sido responsável pela constante regressão da sua já débil economia.

A retirada israelita poderá produzir frutos, no aumento da área cultivavel e se à Autoridade Palestiniana for permitida a reparação das infra-estruturas destruídas, nomeadamente o aeroporto, e o lançamento (com a ajuda internacional) de um programa de aproveitamento da zona costeira (actividade portuária e turismo).
Tudo isto estará, infelizmente, dependente da vontade de um povo que sempre se tem revelado mau vizinho.

Para quando a conclusão pela comunidade internacional de que Israel é uma parte do problema e não parte da sua resolução?

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