sábado, 31 de julho de 2010

ESPIÕES SEM CONTROLO

Embora se tenha tornado comum dizer-se que já não existe jornalismo de investigação, de vez em quando ainda vai surgindo uma ou outra contestação a esta afirmação. Isso mesmo foi o que aconteceu em meados deste mês quando o THE WASHINGTON POST publicou um trabalho de investigação, efectuado por uma vintena de jornalistas, aos meandros do mundo da espionagem americana.

Sob o título genérico de TOP SECRET AMERICA, a equipa liderada pela jornalista Dana Priest expôs a ridículo o secretíssimo e sofisticadíssimo mundo da espionagem e da contra-espionagem na maior potência nuclear, revelando o caos e a anacronia que reina entre os especialistas que é suposto protegerem o “mundo livre” dos famigerados “terroristas” e demais maléficos espíritos que pululam em raiva e sanha contra as terras e os interesses do Tio Sam.


Os jornalistas asseguram que mais de 850 mil pessoas, repartidas por 1271 agências governamentais e 1931 empresas privadas, distribuídas por 10 mil locais diferentes nos EUA, coligem e analisam informação, fiscalizam a circulação de fluxos financeiros e produzem uns espantosos 50 mil relatórios por anos... que ninguém lê!

Mais, denunciam um universo de paranóia securitária onde os próprios espiões se espiam entre si (seja para assegurar o segredo, seja para suplantar a organização “rival”) a ponto de se ignorar a dimensão real de um “polvo” que além do ramo militar e público possui já tentáculos privados.

Há semelhança do registado nos teatros de guerra no Afeganistão e no Iraque, também no interior do seu próprio território e de áreas tão sensíveis a administração norte-americana não hesitou em entregar a empresas privadas tarefas relacionadas com a segurança interna.

E o cúmulo da hipocrisia são as declarações transcritas de altos responsáveis, como o secretário da Defesa, Robert Gates (o único elemento que transitou da administração de George W Bush para a de Obama), ou o director da CIA, Leon Panetta, quando se confessam preocupados com o papel das empresas privadas nas operações de recolha e tratamento de informação.

Esta questão não nunca deveria ter sido encarada de forma leviana, pois ao envolver questões de relevante interesse nacional e público – como é o caso da segurança dos cidadãos – não pode ser adjudicada a interesses particulares, como evidentemente são os dos accionistas e gerentes das empresas a quem estão adjudicadas aquelas tarefas.


A exposta multiplicação e redundância de serviços e funções parece não ter afectado particularmente as mais altas esferas da administração Obama e se o próprio THE WASHINGTON POST cita um responsável do Pentágono que, candidamente, terá afirmado que apesar de tudo é preciso lembrar que não voltou a haver nenhum grande atentado nos EUA depois do 11 de Setembro de 2001, já o director do National Intelligence (uma das agências de espionagem) não tem qualquer pejo em afirmar que a reportagem não espelha os serviços de informação como os conhecemos, o que nem sequer será de admirar pois no meio de semelhante confusão pouco mais deverão conseguir lobrigar que o seu próprio umbigo, o que me leva a concluir que a denúncia apresentada pelo THE WASHINGTON POST acaba por constituir um melhor serviço público que, a atestar pelas conclusões da investigação jornalística, aquele que as empresas de espionagem estão a cobrar aos contribuintes americanos.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A BOMBA AFEGÃ

Será mesmo correcto designar assim a divulgação no sítio Wikileaks de mais de 90 mil documentos sobre a guerra no Afeganistão, classificados como secretos, e que tem agitado o mundo dos meios de informação?


Mesmo se paralelamente, três publicações (a americana The New York Times, a inglesa The Guardian e a alemã Der Spiegel) receberam para divulgação o mesmo tipo de documentação e com títulos mais ou menos bombásticos têm vindo a revelar parte significativa da informação que consiste principalmente em relatórios das actividades de campo das tropas ocidentais os quais, basicamente, podem ser agrupados em três grandes linhas:

os que demonstram a ascensão dos talibans nos últimos seis anos;

• os que provam a ocultação de informação que vai desde as baixas civis não reportadas, as baixas provocadas por “fogo amigo”, até ao facto dos talibans disporem de mísseis terra-ar com sensores de calor;

• os que revelam o envolvimento estrangeiros, nomeadamente o do ISI (os serviços secretos paquistaneses), no apoio aos talibans.


A reacção da Casa Branca não se fez esperar e no mesmo dia em que a informação chegou à imprensa, logo a BBC divulgou a resposta oficial e o mal-estar da administração Obama pela “ameaça à segurança nacional” que representavam as notícias.

Sobre o conteúdo e em especial a gravidade da constatação da ocultação dos factos descritos, nenhuma referência, excepto a ressalva de que o período coberto pela informação agora divulgada era anterior à implementação da actual estratégia da Casa Branca, como se esta tivesse introduzido abissais diferenças relativamente à da administração Bush.

Igualmente digno de nota é o alarido e aparente estupefacção com que foi recebida a notícia do envolvimento do ISI no apoio aos talibans, apenas entendível para quem nos últimos anos tenha esquecido (ou tivesse a intenção de levar os outros a esquecer) a evolução dos acontecimentos na região. Desde os tempos da incursão do exército vermelho no território afegão (a qual, ao contrário da actual, sempre foi tratada pela imprensa ocidental como uma ocupação militar) que os EUA e os seus aliados estimularam e financiaram o Paquistão e os seus serviços secretos a fomentar a oposição àquela acção militar, pelo que não será de estranhar a existência de laços antigos entre operacionais dos dois campos, tanto mais que entre eles existe o laço comum do islamismo. Em finais de 2008 aludi no post «PORQUE FIZERAM CHORAR A ÍNDIA»à questão das ligações entre o ISI e os sectores mais religiosos mais radicais e já um ano antes, quando a situação política interna no Paquistão se degradava num braço-de-ferro entre a ditadura militar de Pervez Musharraf e o arremedo de democracia personificado por Benazir Bhutto, recordei a histórica ligação entre o ISI e a Al-Qaeda, no post «O DILEMA PAQUISTANÊS».

De uma forma ou de outra a administração Obama não sai propriamente reforçada de mais esta trapalhada, tanto mais que muita da informação agora publicada reforça claramente a ideia deixada pelo famigerado general McChrystal de que a ocupação do Afeganistão caminha a passos largos para um fiasco e volta a trazer à memória da América o inevitável paralelismo com o Vietname.


A fuga de informação agora registada tem ainda o inegável mérito de recordar que os tempos podem não ser muito diferentes da época da Guerra do Vietname e este continua, para o melhor e o pior, a constituir um fantasma que a sociedade americana nunca logrou exorcizar e ainda menos agora quando se discutem os milhões de dólares gastos nas guerras, no apoio ao “aliado” Paquistão , ou se anuncia, como fez hoje o EXPRESSO, que «Pentágono confirma que Bradley Manning é suspeito de fuga de documentos».

Já detido e acusado de ter difundido um vídeo que mostra um helicóptero “Apache” a disparar sobre civis afegãos (imagens colhidas em 2007), o jovem militar (22 anos), analista de informação, vê agora juntar-se mais esta acusação, a qual é confirmada na página de apoio que já tem na NET – HELP BRADLEY MANNING.

Á boa maneira americana, o “circo” parece preparado para enfrentar qualquer situação.

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NOTA: Por razões que ignoro os links, que habitualmente indicam as páginas consultadas, e as notas de rodapé foram eliminadasdurante o processo de edição.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

T(I)ER OU NÃO T(I)ER

A avaliar pela primeira página do ECONÓMICO não deveria haver mais lugar a preocupações.

Notícias como a de que os «Bancos portugueses são os mais sólidos do Sul da Europa» ou a de que a «Banca brilha em bolsa com nota positiva nos “stress tests”», deveriam confortar todas as almas e o Sol deveria até (como tem acontecido nos últimos dias) ter nascido mais quente e radioso.

O problema é que os resultados tão amplamente propagandeados – até o ministro «Teixeira dos Santos diz que bancos portugueses passam "confortavelmente" nos testes» – podem ser profundamente enganadores. O próprio ECONÓMICO, fazendo eco de comentários de Nouriel Roubini que destaca o facto dos «…testes consideram apenas os títulos de dívida nos balanços de 'trading' dos bancos…», veio lembrar que os «Testes de stress à banca europeia não são realistas»; seguindo a mesma linha de raciocínio, um relatório do CITIGROUP (referido na notícia «24 bancos falhavam testes mais duros, nenhum nacional»), assegura que «…se os testes avaliassem as perdas com títulos de dívida pública contabilizados nos balanços dos bancos e não apenas nas actividades de 'trading', 24 instituições europeias chumbavam nas avaliações…».

Mesmo sem entrar num nível de crítica por vezes difícil de explicar ao cidadão comum, bastará recordar que um dos pressupostos do modelo de avaliação e critério principal para os resultados finais é o do cumprimento do rácio TIER 1[1], que os autores fixaram num mínimo de 6%, donde resulta que sendo o limiar mínimo de capital necessário tão baixo, tão baixo, o “conforto” que assegura é mesmo mínimo e poucas garantias deve proporcionar a quem efectivamente se preocupe com a questão.

Considerar que empresas asseguram uma boa e saudável situação financeira com rácios de fundos próprios (TIER 1) daquela ordem de grandeza é participar numa farsa e louvar os quatro bancos portugueses avaliados por terem uma média de 8,4% é pura mistificação, tanto que os próprios bancos exigem das empresas que financiam rácios de cobertura de capital bem superiores aos que lhe foram agora exigidos.



[1] O TIER 1 é um indicador que avalia a saúde financeira de um banco; consiste primariamente do capital próprio da instituição, mas pode também incluir acções preferenciais desde que estas não sejam resgatáveis. O rácio TIER 1 é o rácio do capital próprio do banco sobre os seus activos ponderados pelo risco, ou seja a totalidade dos activos detidos pelo banco, ponderados pelo risco de crédito.

sábado, 24 de julho de 2010

LEVAR COM A PORTA

Embora habitualmente se critiquem os meios de comunicação pela reduzida qualidade do serviço que prestam à comunidade, isso não constitui uma verdade absoluta e de quando em vez somos agradavelmente surpreendidos pela qualidade e pela oportunidade de alguns trabalhos jornalísticos, recordando tempos em que a imprensa constituía, justamente, um indispensável contrapoder.

Precisamente esta semana o WASHINGTON POST surpreendeu com a publicação de um extenso trabalho de investigação jornalística sobre o funcionamento das múltiplas agência de investigação norte-americanas (tema que abordarei a seguir) e com a divulgação do memorando com que Inga-Britt Ahlenius[1], ex-directora do Departamento de Serviços Internos de Supervisão (OIOS) da ONU abandonou aquelas funções.

Segundo a notícia, a especialista em auditoria, acusa o Secretário-geral, Ban Ki-moon, de sabotar o seu trabalho e de conduzir a ONU para uma era de declínio.

Polémicas aparte, Ahlenius não bateu apenas com a porta... fê-lo em cheio sobre a principal figura da ONU, que sempre tem procurado apresentar-se como um modelo de seriedade e transparência.

As suas declarações podem vir a revelar-se importantes quando no próximo ano houver lugar à recondução (ou não) de Ban Ki-moon, tanto mais que o chefe de gabinete do Secretário-geral já veio a público (e aos jornalistas) lembrar que “Ban fez muito pela ONU”[2]. Aquela mesma ideia é referida na notícia que o I publicou sobre o assunto, bem como o facto desta não ter sido a primeira vez que um alto funcionário da ONU tece duras críticas ao seu secretário-geral, pois já em 2009 tinha chegado à imprensa um memorando interno da autoria da embaixadora-adjunta da Noruega na ONU, Mona Juul,, no qual acusava Ban Ki-moon de ser um líder ausente, passivo e impotente

Assim, mesmo considerando que em quase todos os cargos que Ahlenius desempenhou se verificaram denúncias de idêntico calibre[3], a simples recordação de anteriores episódios e casos muito sombrios (como o célebre escândalo de corrupção que envolveu funcionários da ONU e o programa iraquiano que previa a troca de petróleo por alimentos) aumentam a credibilidade das críticas agora tornadas públicas.


[1] Inga-Britt Ahlenius é natural da Suécia, país onde desempenhou vários cargos nos ministérios do comércio, da indústria e das finanças, tendo entre 1993 e 2003 liderado o organismo de auditoria nacional sueco (o equivalente ao nosso Tribunal de Contas); na data da sua saída denunciou tentativas de limitação à independência daquele organismo. Após ter exercido as funções de auditora para o Kosovo, foi nomeada em 2005 para directora do Departamento de Serviços Internos de Supervisão (OIOS) da ONU, cargo em que seria reconduzida em 2007 pelo actual Secretário-geral, Ban Ki-moon.

[2] A notícia pode ser lida aqui, na página do LE FIGARO, e constitui, curiosamente, uma das poucas referências que sobre o assunto surgiram na imprensa francesa.

[3] Este facto e em especial a polémica após a sua saída da Auditoria Nacional Sueca, poderão explicar o facto da sua nomeação para o organismo de supervisão da ONU ter sido proposta pelos EUA e não pela Suécia, como teria sido natural.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

CHINESICES

Quando se lê no mesmo jornal que «Portugal coloca 1,25 milhões em dívida a 12 meses» mas a preço mais elevado e que «Espanha coloca dívida a 12 meses com juro mais baixo», como não pensar naquela que parece a omnipresente questão dos “ratings” soberanos.

Depois de um primeiro semestre marcado pela eclodir da crise da dívida grega e de sucessivos anúncios de descida nos “ratings” das principais economias europeias, o último dos quais ocorreu já esta semana quando o ECONÓMICO divulgou que a Moody’s voltara a cortar o “rating” da Irlanda, e quando em resposta os governos europeus se apressaram a anunciar todo o tipo de medidas conducentes à redução dos seus défices e que agradassem aos “mercados”, eis que a situação parece ter-se alterado pouco, ou nada.

Gostem, ou não, os paladinos das virtudes dos equilíbrios orçamentais, a situação descrita mais não faz que justificar os críticos daquela ortodoxia, bem como a ideia que o que realmente de “joga” neste momento não é a credibilidade dos Estados ou das economias mas sim a necessidade de introduzir oscilações nos mercados que originem acréscimos de ganhos aos que nele participam, papel que a Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch (as três grandes empresas de notação de risco a nível mundial) têm cumprido na perfeição

Para aumentar a confusão – ou talvez não – surgiram recentes notícias de que uma nova empresa de origem chinesa (as outras três referidas são norte-americanas) – a Dagong – apresentou a sua própria classificação[1] para a dívida soberana das principais economias mundiais. Talvez para espanto de muitos os resultados apresentados não são substancialmente diferentes dos das três “majors”, salvo que aparentam uma maior consistência porque contrariamente àquelas apresentam uma distribuição mais equilibrada entre os diferentes graus de risco.

Uma rápida observação do quadro revela uma evidente tendência para que o maior número de observações apresentem uma classificação de qualidade média e que aquele número se reduza quando se caminha para qualquer dos dois extremos (risco muito baixo ou muito alto) ao contrário do que acontece com as outras três agências.

Mesmo sem perder que vista que esta nova agência tem por base o Banco Popular da China e o respectivo governo chinês merece a pena referir e analisar as conclusões daquele relatório, tanto mais que os resultados parecem bem fundamentados e, assim como assim, devem valer tanto como os dos consagrados que, recorde-se, falharam rotundamente na avaliação das emissões da dívida americana que esteve na origem do último “crash” de Wall Street e da sua propagação aos sistemas financeiros e económicos mundiais.


[1] O relatório com os resultados e as metodologias seguidas pode ser consultado aqui.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

QUIMERAS

Talvez seja do calor estival, mais convidativo ao lazer puro que à reflexão, mas ainda não consegui entender a lógica que parece soprar para os lados de Belém.

Depois de há umas semanas ter apelado à contenção e à redução de despesas pelas famílias portuguesas (apelando à poupança de divisas e a um forte contributo para o reequilíbrio financeiro mediante a simples abdicação da realização de viagens ao estrangeiro), depois de na passada semana ter apontado, ex-cathedra, perante as câmaras da SIC os verdadeiros responsáveis pela crise que atravessamos (o despesismo dos líderes políticos que esqueceram a existência do Programa de Estabilidade e Crescimento comunitário[1]), eis que, segundo informa o PUBLICO nesta notícia, o Presidente da República se deslocou para Angola acompanhado «...da maior delegação de empresários de sempre...»; nada mais nada menos que 115 respeitáveis homens de negócios[2], além de três membros do Governo e a habitual delegação parlamentar.

Pretenderá Cavaco Silva impressionar o governo tal como nos idos de 1514 o então Rei de Portugal (Manuel de sua graça, ou o Venturoso de cognome) procurou impressionar a corte papal da época?

Não creio que o facto da economia angolana representar já o quarto maior cliente das exportações portuguesas e destas ascenderem em 2009 a mais de 2,2 mil milhões de euros, tenha sido o factor determinante daquele fenómeno; já o facto reconhecido das dívidas angolanas à economia portuguesa representarem cerca de 2 mil milhões de euros (90% do produto exportado em 2009) deverá constituir a principal razão para aquela anormalidade, pelo que a dimensão da comitiva presidencial constituirá uma mera função directa da dimensão daquelas dívidas e, quiçá, uma vã quimera na sua rápida regularização, apesar das notícias que hoje mesmo asseguravam que «Angola paga dívidas às PME portuguesas em dois meses».


[2] A fazer fé nesta notícia do I, que confirma a enormidade da delegação, serão 135 os empresários que acompanham Cavaco Silva.

sábado, 17 de julho de 2010

PESSIMISMOS?

Ainda a propósito do tema do último “post” não será displicente recordar aqui o que Manuel Maria Carrilho escreveu a propósito dos pessimistas – aqueles que assim foram apodados por terem levantado dúvidas sobre o melhor dos mundos em que funcionava a economia global ou, melhor dizendo, a propósito dos que, no auge da euforia, lembram a inevitabilidade do desalento próximo –, num artigo publicado no DN, justamente intitulado «Virtudes do pessimismo?».

Já no distante século XVI, retratando a euforia expansionista da época, Luís Vaz de Camões celebrizou a figura do Velho do Restelo, criando assim no riquíssimo vocabulário nacional mais um sinónimo sob uma forma poética; só que tal como então, também agora muita gente – demasiada gente – se esquece que um pessimista não passa, geralmente, de um optimista realista.

Tão realista que apenas sorri quando lê na crónica de Manuel Maria Carrilho que «...agora o que se percebe é que os Estados, para salvarem os bancos, tiveram de - via emissão de obrigações - recorrer aos próprios bancos, que assim vivem com "passivos" constituídos pelo dinheiro que os Estados lhes emprestaram e com "activos" constituídos exactamente pelo mesmo dinheiro, depois emprestado aos Estados. E neste jogo andaram envolvidos, em toda a Europa, cerca de dois biliões e meio de euros» e mantém a esperança de que haja cada vez mais pessoas a interrogarem-se (e a pensarem) porque é que “estas coisas acontecem”...

Ou se limita a recordar que todos os sistemas financeiros assentam numa única premissa – a da confiança – quando lembram «...como há um ano, na Europa, no auge da crise financeira e das suas consequências, se garantia que, com o euro, tínhamos criado uma verdadeira - e esta palavra foi mil vezes repetida - fortaleza! Viu-se. Em poucos meses, o que se descobriu foi que a fortaleza tinha sido construída sobre areias movediças, e que agora o euro é, precisamente, o principal problema da Europa, e não só. Os cidadãos descobrem com estupefacção que o que era apresentado como um dos maiores trunfos da União Europeia se revela, de um dia para o outro, como a maior das suas fragilidades. Das vantagens da não desvalorização do euro passou-se às tremendas consequências da impossibilidade dessa mesma desvalorização para repor a competitividade e revitalizar as economias mais fragilizadas. E do elogiado retorno do Estado passa-se, de repente, à descoberta de um endividamento público que deixa a União Europeia à beira do abismo!»

Terão os governantes que tão prontamente acorreram a salvar os bancos entendido a real dimensão da sua decisão? E os seus parceiros da oposição (sempre tão lestos a criticar as políticas que acarretam o endividamento das gerações vindouras) foram igualmente incapazes de entenderem o fenómeno? Ou, pelo contrário, uns e outros sabiam bem o que estavam a fazer e quais os interesses que estavam a defender?

Eis o tipo de dúvida que não enrola apenas palavras vãs à volta de uma evidência que todos pressentimos; não se trata apenas de avaliar responsabilidades mas principalmente de aferir capacidades – e vontades – para uma efectiva mudança do que urge alterar – o modo de funcionamento dum sistema bancário alicerçado no efeito multiplicador do crédito e na pauperização de toda a sociedade para seu exclusivo benefício – em nome da melhoria geral.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

FALTA DE APOIO?

Ao ler a notícia hoje publicada pelo I de que a «Falta de apoio do governo faz Moody's baixar rating da banca», não resisti a voltar a denunciar um dos maiores embustes dos últimos tempos.


Na prática aquilo a que temos vindo a assistir consiste num jogo cruzado de informação e contra-informação utilizado a bel-prazer dos agentes intervenientes nos mercados de capitais e que, para cúmulo, têm contado com o apoio, consciente ou inconsciente, das chamadas forças políticas.

Deixando correr para os jornais notícias a conta-gotas ou manipulando o seu teor os agentes do mercado continuam a dizer hoje o que negaram ontem e o que afirmaram anteontem completamente impossível. Contando com o apoio (ou efeito de amplificação) dos grupos políticos cujo único objectivo é a ascensão ao poder para contentamento das suas clientelas, têm contribuído de forma decisiva para destruir as poucas esperanças de recuperação económica que realmente pudessem ter existido.

Exigindo dos governos a contenção dos défices, num dia, para noutro “castigar” as economias cujos governos não se mostram tão disponíveis para “ajudar” a banca, o que os “mercados”têm feito consiste numa verdadeira razia – no sentido histórico do termo, quando este era utilizado pelo império romano para designar os assaltos perpetrados pelas tribos bárbaras – nas economias cuja existência dizem defender e por cuja liberdade dizem bater-se.

E, por incrível que possa parecer, prova de que tal assim acontece pode ser encontrada no texto da própria notícia, quando a propósito do recente anúncio da descida dos “ratings” atribuídos pela Moody’s a oito dos principais bancos portugueses, o jornalista escreveu: «As descidas foram justificadas com a falta de apoio do Estado português ao sector financeiro. "O corte no rating dos oito bancos reflecte a fraca capacidade do governo de ajudar os bancos", afirmou Maria-Jose Mori, analista da Moody's, que acompanha a banca nacional».

Na prática o abusivo sistema baseado no crédito, que durante décadas sustentou uma aparência de crescimento económico que na realidade raramente aconteceu, permitiu uma acumulação de riqueza fora da esfera produtiva das economias (famílias e empresas) que depois de obrigada a financiar o seu salvamento, foi criticada pelos desequilíbrios originados (os fundos injectados pelos Estados cujas receitas fiscais não têm parado de ser reduzidas em nome da liberalização dos mercados), obrigada a aumentar a carga fiscal sobre as famílias e volta agora a ser penalizado por não se mostrar disponível (leia-se, por não ter meios nem lhos serem concedidos) para voltar a salvar os bancos.

A denúncia deste absurdo que continua a influenciar e a condicionar a vida diária de biliões de trabalhadores e das suas famílias é tanto mais urgente quanto continuamos a assistir diariamente aos inqualificáveis e desorientados discursos dos políticos (nacionais e estrangeiros, dos governos e das oposições).

É indispensável que as vozes que apontam soluções alternativas – como o fim do monopólio da emissão de moeda pelo sistema financeiro, a extinção de “off-shores” e outros paraísos fiscais e a imposição de normas estritas ao funcionamento do sistema financeiro – se façam ouvir e os políticos entendam que existe quem reconheça e denuncie as asneiras que persistem em fazer.

terça-feira, 13 de julho de 2010

FOLCLORE POLÍTICO

Interessante a leitura da notícia do PUBLICO sobre o primeiro dia das Jornadas Parlamentares do PSD que destacando as opiniões expressas por três dos ilustres convidados – o sociólogo Manuel Villaverde Cabral e os economistas e ex-ministros Ernâni Lopes e Campos e Cunha –, com o primeiro a defender que o PSD deveria apresentar uma moção de censura ao Governo e o segundo a pugnar pela necessidade de uma redução de entre 15 e 20% nos salários da função pública (incluindo políticos).

Perante isto não será de estranhar, como refere a própria notícia, que aquela foi «uma tarde sombria» e, pior terá sido, quando o antigo ministro das finanças do primeiro governo de José Sócrates defendeu a contabilização do voto em branco, gerando assim assembleias com um número variável de deputados.

Não será pois de estranhar que, como sugere o título da notícia, a proposta tenha “gelado” o PSD… e que o mesmo, diga-se, terá feito aos leitores dos outros quadrantes políticos.

Mesmo em tom brejeiro (e particularmente adequado à época estival) apetece-me deixar aqui algumas interrogações:

Porque é que estas individualidades raramente expressam ideias destas durante as suas passagens pelo poder?

Porque é que ideias destas (e tantas outras) que regularmente são recolhidas em reuniões de idênticas características ou expressas em artigos de opinião em jornais e na Internet, pela sua relevância não ganham foros de aplicação?

Como a época é particularmente propícia ao remanso e ao descanso aqui deixo de imediato a resposta: porque aquele tipo de ideias são geralmente pouco agradáveis – quando não profundamente lesivas – dos interesses do poder e dos sectores que o apoiam e portanto destinadas apenas ao folclore político.

sábado, 10 de julho de 2010

A PROPÓSITO DAS MANIFESTAÇÕES

Que pensar quando a imprensa pouco tem divulgado as reacções populares à proliferação por esta Europa de programas de austeridade e quando se constata que a Grécia (para falar apenas no caso mais mediático) cumpriu esta semana a sexta greve geral contra as medidas decididas pelo governo do socialista Geórgios Papandréu, na sequência dos apoios financeiros negociados com a UE e o FMI, para recuperação do défice grego.

É que mesmo notícias como as que surgiram sobre as manifestações que a CGTP promoveu esta semana no país, pouco ou nada mais adiantam que a habitual “guerra dos números” de participantes; sobre as razões que sustentam a contestação pouco se diz ou escreve, enquanto nos noticiários televisivos pouco mais se ouve que os chavões dos discursos e uma ou outra palavra de ordem repetida durante os desfiles.

Continua por fazer o debate sobre a situação de crise que atravessamos – salvo os habituais discursos do excesso de despesismo e da inevitabilidade das políticas de contenção –, sobre as suas origens e as alternativas que devem ser contempladas na definição das políticas para o seu combate.

As notícias sobre as movimentações populares são invariavelmente focadas apenas sobre o facto em si, raramente sobre as suas origens, quando não exclusivamente sobre as suas consequências imediatas – a conversão em motins – tenham estes tido origem espontânea ou até fruto dos próprios aparatos policiais.

Transformar as movimentações sociais de contestação às políticas orientadas para a degradação das condições económicas e sociais das populações em meras arruaças pode ser uma estratégia agradável àqueles que não apresentem capacidades para debater os problemas reais e as políticas com as quais dizem querer combatê-los, mas nunca pode ser aceite como prática informativa e ainda menos formativa.

Talvez por isso algumas vozes mais avisadas, da área do poder em Portugal, já vão deixando alertas para a necessidade do executivo justificar as políticas escolhidas e tentar mobilizar os cidadãos para uma austeridade que por vezes até designam como inevitabilidade.

Mas, será mesmo assim?

Não haverá mesmo nenhuma alternativa viável para as políticas que foram anunciadas?

Poderá aceitar-se de bom grado – e em silêncio – que os sectores que originaram a crise venham a sair dela beneficiados, enquanto a generalidade das populações vai ter de suportar a maior parte dos sacrifícios?

Alguém acreditará de forma convicta (e honesta) que as políticas anunciadas como de recuperação económica poderão ser as orientadas para a redução do poder de compra das economias e ser conduzidas a bom porto pelos mesmos que nunca levantaram a mínima objecção aos ideólogos do ultra-liberalismo?

Por estar em crer que a resposta a estas questões é negativa e porque – pelo menos em teoria – existem verdadeiras alternativas é que o debate é indispensável e urgente e as movimentações sociais deveriam servir como detonador dos debates que persistem em ser silenciados.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

GUERRAS IMPERIAIS

A notícia de que «4,2 milhões de dólares saíram pelo aeroporto de Cabul» é motivo suficiente para voltar ao tema Afeganistão e ao das guerras imperiais, principalmente quando estas são “fabricadas” e justificadas à opinião pública mundial sob falsos argumentos. E se até hoje houve guerras injustificadas, as invasões do Afeganistão e do Iraque – decididas pela administração norte-americana presidida por George W Bush – ultrapassaram tudo o que já se tinha visto.

E o pior é que os habituais custos das guerras, com o caudal de mortos, feridos, desalojados e demais vítimas, estão a revelar-se cada vez mais elevados, pois já não é só a questão dos biliões de dólares gastos directamente no esforço bélico, mas também as crescentes dúvidas sobre o processo de privatização da guerra (através de contratos celebrados entre o Pentágono e empresas privadas de segurança e de transporte) e as notícias que de quando em quando chegam a público sobre o “desaparecimento” de toneladas de material de guerra e de (literalmente) contentores de dólares.

Como se tudo isto não fosse suficientemente mau tivemos muito recentemente o rocambolesco episódio da demissão do comandante supremo, o general McChrystal, originado em comentários pouco abonatórios sobre a administração Obama, facto que ainda assim não impediu que este venha a beneficiar da passagem à reforma com a patente de general de 4 estrelas[1]; tudo isto quando se degrada à evidência o poder estabelecido em Cabul[2] e recrudescem as acções dos resistentes afegãos contra as forças de ocupação da NATO.

A posição do pró-ocidental Karzai revela-se cada vez mais enfraquecida, quer do ponto de vista político quer do ponto de vista ético, pela associação do seu meio-irmão, Ahmed Wali Karzai, e grande financiador das suas campanhas eleitorais ao tráfico de ópio.

Com a mudança de comando das tropas da NATO no Afeganistão, o evidente recrudescer do conflito e as recentes declarações do ministro da defesa alemão, que segundo o I ONLINE afirmou que a estabilização total no Afeganistão nunca será conseguida, parece cada vez mais evidente o famigerado cenário de mais um Vietname, com as tropas ocupantes remetidas às zonas urbanas e ás suas fortificações enquanto a resistência afegã, movimentando-se num complexo sistema de alianças locais, regionais e nacionais, controla o território, as populações e a administração local.

Enredado nesta teia de forças e de interesses o comando americano vê cair o moral dos seus soldados (o contingente americanos é claramente o maior de todos) enquanto se reduz o apoio dos seus cidadãos, que mais não fosse pelo elevadíssimo custo da intervenção (o valor actual já ultrapassará o bilião de dólares) e pelo efeito que esta está a ter no agravamento do défice público e na política de cortes orçamentais.

Como se não bastassem aqueles problemas, a recente substituição do comandante-chefe (obrigatória após as declarações que este fizera à revista Rolling Stone) e a crescente divisão entre os países membros da coligação, são outros óbvios sinais do avolumar de problemas.

A crescente oposição interna e as dificuldades para financiar o esforço de guerra terão estado na origem da estratégia de formação, treino e equipamento dum exército local, iniciativa que tem esbarrado na fraca adesão local e na reduzida fidelidade dos senhores da guerra comprados a poder de dólares.

Confrontados com a hostilidade das populações a quem prometeram uma rápida normalização e uma melhoria das condições de vida mas que geralmente acabam bombardeadas e com a facilidade com que os resistentes se movimentam, reabastecem e até obtém dos países vizinhos apoio logístico e a sabotagem das linhas de reabastecimento ocidental, as forças ocupantes devem preparar-se para uma quase inexorável derrota pois os afegãos dispõem, como vimos, de boas e fundamentadas razões para o seu sucesso, a que acrescem ainda as fragilidades próprias de um governo imposto e corrupto e as cada vez mais evidentes limitações financeiras dos ocupantes.


[2] O presidente Hamid Karzai, foi reeleito em Agosto de 2009 num processo rodeado de enorme contestação e com uma reduzidíssima participação (menos de 25% dos eleitores inscritos); a segunda volta eleitoral nunca chegou a realizar-se por o seu oponente (Abdullah Abdullah) se ter retirado sob a alegação de que não existiam condições de imparcialidade, tendo a comissão eleitoral declarado Karzai como vencedor.

terça-feira, 6 de julho de 2010

MENTALIDADE BLING-BLING[1]

O nível de indigência a que chegou a política (e os políticos) na Europa pode bem ser dado pelas mais recentes notícias que correm sobre o Escândalo Bettencourt.

Tendo começado por um simples (mas sórdido) caso em torno da disputa pela maior fortuna francesa – a do império L’Oréal – quando Lilliane Bettencourt e a filha se envolveram em tribunal, cedo ganhou novos contornos quando surgiu o envolvimento de Florence Woerth (a mulher do ministro do Trabalho e tesoureiro da UMP, Eric Woerth) na qualidade de gestora daquela fortuna e a informação de que esta teria conhecimento (se é que não foi um dos cérebros) do recurso a contas na Suíça com o objectivo de pura fuga ao fisco francês.

Por coincidência (ou talvez não) Eric Woerth é amigo íntimo e de longa data de Sarkozy e, a atestar por declarações recentes de uma antiga contabilista da família[2], visitas regulares da mansão Bettencourt.

Daqui, ás primeiras denúncias de financiamentos ilegais as partidos da direita francesa e a Nicolas Sarkozy foi um pequeno passo.

Talvez nada se venha a provar de concreto (tal como tem sucedido noutros casos que por esse mundo fora envolvem figuras político-partidárias), mas a dúvida é por si só um mal bem maior que uma ou outra condenação.

Aliás que outra coisa será de esperar de sociedades onde grassa o arrivismo e uma clara mentalidade novo-riquista?

O presidente francês poderá estar inocente (ainda que isso seja um conceito de duvidosa aplicabilidade a um personagem com o seu perfil e o seu percurso político), mas o facto inegável é que são cada vez ,ais frequentes os escândalos que envolvem a actual plêiade de governantes, constituída maioritariamente por personagens de reduzida envergadura política e (ao que tudo indica) ainda menor estatura moral.


[1] O bling-bling é um estilo, adoptado principalmente por “rappers”, que se caracteriza pelo uso de muitas jóias e brincos e assim designado por referência ao "som" da luz batendo em jóias de prata, platina ou diamante. (adaptado de Wikipédia)

[2] Entre outras vejam-se as publicadas pelo EXPRESSO, sob o título «Sarkozy suspeito de receber dinheiro» e pelo JORNAL DE NOTÍCIAS, «Testemunha do caso L’Oréal envolve Nicolas Sarkozy». A entrevista de Claire Thibout, a contabilista, e muitas outras informações sobre as ligações entre a política e as grandes fortunas, podem ser lidas na página da MEDIAPART, enquanto nos jornais LE MONDE, LE FIAGRO e NOUVEL OBSERVATEUR, abundam notícias e comentários sobre o tema.

domingo, 4 de julho de 2010

AS PEQUENAS COISAS IMPORTANTES

Numa semana em que vimos acontecer um pouco de tudo (desde a continuação da novela das SCUTS, as dificuldades na eleição do novo presidente alemão, o veto do governo de Sócrates à venda pela PT, da brasileira VIVO à espanhola TELEFÓNICA e ao início da presidência rotativa da UE pela desgovernada Bélgica) talvez faça ainda mais sentido recordar a data que hoje se comemora nos EUA.

É que o 4 de Julho de 1776, data em que foi publicada a Declaração da Independência dos Estados Unidos da América e que marcaria indelevelmente o século XX, merece ser recordado mais que nunca e até pelas razões que os próprios humoristas americanos assinalam...



...com especial relevância para a leitura dos asteriscos e das “entrelinhas”...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

BOMBA (LITERALMENTE) ECOLÓGICA...

Mais de dois meses volvidos sobre a explosão de uma plataforma petrolífera no Golfo do México e perante a incapacidade da petrolífera que explorava o poço – a BP – para estancar a fuga de crude, eis que começam a circular informações que aquela empresa terá levado a perfuração além dos 30.000 pés (mais de 9 km) para atingir uma bolsa de petróleo de origem inorgânica[1], que pela sua dimensão e pela pressão que se faz sentir àquela profundidade poderá determinar que a fuga se prolongue por meses ou mesmo anos.

Transformada numa verdadeira bomba ecológica, a fuga persiste sem fim à vista enquanto os responsáveis políticos (a administração americana) e os responsáveis técnicos (a BP) se desdobram em promessas e declarações de nulo efeito prático.

Segundo o jornalista americano Wayne Madsen[2], a Casa Branca e a BP têm trabalhado em conjunto para ocultar estes factos e a dimensão da catástrofe; outros especialistas, como Vladimir Kutcherov, professor no Real Instituto de Tecnologia da Suécia, citado na página ALTERINFO, admitem que pela sua dimensão vulcânica e pela inexistência de tecnologia humana capaz de conter a fuga, esta poderá necessitar do recurso a uma explosão nuclear para lhe por cobro.


[1] O conceito de petróleo inorgânico assenta no princípio da existência de crude originado processos não biológicos, o que contradiz a visão tradicional de que o petróleo seria um "combustível fóssil", produzido a partir dos restos de antigos organismos.

[2] Wayne Madsen é um conhecido jornalista de investigação e autor do blog «Wayne Madsen Report», apelidado pelos críticos de teórico de conspirações.